terça-feira, 10 de abril de 2012

BLAISE PASCAL



"O coração tem razões que a própria razão desconhece". O autor dessa conhecida frase foi Blaise Pascal, um matemático brilhante, filósofo e pesquisador.

O pai de Pascal, Étienne, era um magistrado da "nobreza de toga" francesa em Clermont, isto é, pertencia à rica burguesia que conquistara postos públicos de destaque. Tinha vastos interesses culturais e era inclinado aos estudos científicos e matemáticos.

Quando Blaise tinha 3 anos, ficou órfão de mãe. O pai decidiu abandonar a carreira jurídica e se dedicar à educação do filho. Mudou-se para Paris, com o menino e as duas filhas. Na capital francesa entrou em contato com cientistas e matemáticos e Blaise o acompanhava nessas reuniões. Mas Étienne havia decidido que o filho não estudaria latim antes dos 12 anos, nem matemática antes de completar os 15 anos.

Para isso, tirou de casa todos os textos matemáticos. Mas o menino era curioso e começou a estudar Geometria sozinho, aos 12 anos. Ele descobriu que a soma dos ângulos de um triângulo era igual a dois ângulos retos: era a 32ª proposição de Euclides. Quando seu pai tomou conhecimento disso, desistiu da idéia inicial e deu a Blaise o livro "Os Elementos", de Euclides.
Pascal continuou a se revelar precoce.

Aos 19 anos, vivendo com a família em Rouen, inventou a máquina aritmética, uma calculadora mecânica, que permitia a qualquer um somar, subtrair, dividir e multiplicar - sem saber aritmética. Levou dois anos para produzir a máquina, trabalhando com artesãos. Seu objetivo era ajudar o pai, que na época trabalhava como coletor de impostos.

Blaise Pascal tinha completado 23 anos quando conheceu dois religiosos ligados ao jansenismo. Tratava-se de um movimento religioso que tentava restaurar a intensidade da fé católica e uma disciplina religiosa severa, a "perfeição da moral cristã" dos primeiros séculos do cristianismo.

Esse encontro teve resultados na formação do jovem Pascal, que se tornou profundamente religioso. Foi nessa época que tomou conhecimento da experiência de Torricelli (1608-1647) com a pressão atmosférica e começou uma série de experimentos, que o levariam a provar a existência do vácuo.

O filósofo Descartes, que visitou Pascal, não acreditou na descoberta do rapaz. Depois de debater com ele por dois dias, foi embora e escreveu uma carta para Huygens, dizendo que Pascal "tinha muito vácuo em sua cabeça".

Pascal também pesquisou problemas matemáticos relacionados aos jogos de dados. Esses estudos o levaram a formular o cálculo das probabilidades, Aleae Geometria (Geometria do acaso). Outro resultado dessas pesquisas com jogos foi o Triângulo de Pascal, uma tabela numérica.

Depois do falecimento de Étienne Pascal, Blaise escreveu a uma de suas irmãs discorrendo sobre o sentido cristão da morte. Essas idéias formaram a base de um trabalho filosófico que ele publicaria anos depois, "Pensamentos". Nessa obra, Pascal afirma: "Se Deus não existe, não se perde nada acreditando nele, mas se ele existe, perde-se muito não acreditando".

Pascal aplicou-se nos estudos de matemática e física escrevendo, em 1653, o "Tratado do Equilíbrio dos Líquidos", no qual explicou a lei da pressão. Foi uma importante contribuição para a física. Ele também produziu importantes teoremas em geometria progressiva. Outra obra sua é o "Tratado sobre as Potências Numéricas", em que trata da questão dos "infinitamente pequenos".

Continuando a estudar o tema, investigou como calcular a área de ciclóide, a curva traçada por um ponto da circunferência que rola sem deslizar sobre uma reta. O método criado por ele para estabelecer essa área tornou possível descoberta do cálculo integral, anos mais tarde, por Leibniz, matemático alemão, e Isaac Newton, físico inglês.


A verdadeira moral não se preocupa com a moral: quer isto dizer que a moral do juízo não se importa nada com a moral do espírito - que não tem regras.

A imaginação tem todos os poderes: ela faz a beleza, a justiça, e a felicidade, que são os maiores poderes do mundo.

A justiça sem a força é impotente, a força sem justiça é tirana.

A maior fraqueza do homem é poder tão pouco por aqueles que ama.

A razão manda em nós muito mais imperiosamente do que um senhor; é que, desobedecendo a um, é-se infeliz, desobedecendo a outro, é-se tolo.

Nunca se ama alguém mas somente as qualidades.

Agrada-nos repousar em sociedade com os nossos semelhantes: miseráveis como nós, impotentes como nós, eles não nos ajudarão; morreremos sozinhos.

A grandeza do homem está em ele se reconhecer como miserável. Uma árvore não se dá conta da sua miséria.

O prazer dos grandes homens consiste em poder tornar os outros felizes.

Quando considero a duração mínima da minha vida, absorvida pela eternidade precedente e seguinte, o espaço diminuto que ocupo, e mesmo o que vejo, abismado na infinita imensidade dos espaços que ignoro e me ignoram, assusto-me e assombro-me de me ver aqui e não lá. Quem me pôs aqui? Por ordem de quem me foram destinados este lugar e este espaço?.

Uma vez que não podemos ser universais e saber tudo quanto se pode saber acerca de tudo, é preciso saber-se um pouco de tudo, pois é muito melhor saber-se alguma coisa de tudo do que saber-se tudo apenas de uma coisa.

O homem não é nem anjo nem animal, e a infelicidade exige que quem pretende fazer de anjo faça de besta.

Poucas amizades subsistiriam se cada um soubesse aquilo que o amigo diz de si nas suas costas.

Deixemos um rei sozinho, sem nenhuma satisfação dos sentidos, sem nenhuma preocupação do espírito, sem companhia, a pensar apenas em si mesmo; e ver-se-á que um rei sem divertimentos é um homem muito desgraçado.

O que é o homem na natureza? Um nada em relação ao infinito, um tudo em relação ao nada, um ponto a meio entre nada e tudo.

Todos os homens, sem excepção, procuram ser felizes. Embora por meios diferentes, tendem todos para este fim.

A própria moda e os países determinam aquilo a que se chama beleza.

Nada há de bom nesta vida salvo a esperança de uma outra vida.

O homem é feito visivelmente para pensar; é toda a sua dignidade e todo o seu mérito; e todo o seu dever é pensar bem.

Ao ver um estilo natural, ficamos surpreendidos e encantados, pois esperávamos ver um autor, e encontramos um homem.

A natureza tem perfeições que mostram que é a imagem de Deus, e defeitos que mostram que é apenas a imagem.

Corremos alegres para o precipício, quando pomos pela frente algo que nos impeça de o ver.

O último esforço da razão é reconhecer que existe uma infinidade de coisas que a ultrapassam.

Numa grande alma, tudo é grande.




É falso que sejamos dignos de que os outros nos amem. E é injusto que o queiramos.


É indispensável conhecermo-nos a nós próprios; mesmo se isso não bastasse para encontrarmos a verdade, seria útil, ao menos para regularmos a vida, e nada há de mais justo.




Posso nunca ter sido (...), por conseguinte não sou um ser necessário.




Quando a paixão nos domina esquecemos o dever.




Uma indiferença pacífica é a mais sábia das virtudes.




Quando estamos de boa saúde, admiramo-nos de como seria possível estarmos doentes; quando isso acontece, medicamo-nos alegremente.




O hábito é uma segunda natureza que anula a primeira.




Apenas acredito nas histórias cujas testemunhas estivessem dispostas a deixar-se degolar.




Somos tão presunçosos que desejaríamos ser conhecidos em todo o mundo... E tão vaidosos que a estima de cinco ou seis pessoas que nos rodeiam, nos alegra e nos satisfaz.




Todas as boas máximas se encontram no mundo: só falhamos ao aplicá-las.




Duas coisas instruem o homem, qualquer que seja a sua natureza: o instinto e a experiência.




Corremos sem preocupação para um precipício, após termos posto uma venda para o não poder ver.




Os olhos são os intérpretes do coração, mas só os interessados entendem essa linguagem.




A nossa dignidade consiste no pensamento. Procuremos pois pensar bem. Nisto reside o princípio da moral.




Há duas espécies de homens: uns, justos, que se consideram pecadores, e os pecadores que se consideram justos.




O amor não tem idade; está sempre a nascer.




Dois excessos: excluir a razão, admitir apenas a razão.




À medida que vamos tendo mais espírito, achamos que há mais homens originais. As pessoas vulgares não fazem distinções entre os homens.




Normalmente, convencem-nos com mais facilidade as razões que nós próprios encontramos do que as que vieram ao espírito dos outros.




A nossa natureza consiste em movimento; o repouso completo é a morte.




As paixões, quando mandam em nós, são vícios.




A arte de persuadir consiste tanto mais em agradar do que em convencer, quanto os homens se guiam mais pelo capricho do que pela razão.




Nem a contradição é sinal de falsidade nem a falta de contradição é sinal de verdade.




O silêncio é o maior dos martírios; nunca os santos se calaram.




É uma doença natural no homem acreditar que possui a verdade.




A consciência é o melhor livro de moral e o que menos se consulta.




Aquele que sem autoridade mata um criminoso, torna-se tão criminoso como este.


O aumento do conhecimento é como uma esfera dilatando-se no espaço: quanto maior a nossa compreensão, maior o nosso contacto com o desconhecido.




Tudo o que é incompreensível, nem por isso deixa de existir.




A grandeza de uma pessoa está em saber reconhecer sua própria pequenez. 




Quase que invariavelmente as pessoas formam suas crenças não baseadas nas provas, mas naquilo que elas acham.




O ser humano é o mais fraco objeto do mundo, mas é um objeto que pensa.




Todos os homens buscam a felicidade. E não há exceção. Independentemente dos diversos meios que empregam, o fim é o mesmo. O que leva um homem a lançar-se à guerra e outros a evitá-la é o mesmo desejo, embora revestido de visões diferentes. O desejo só dá o último passo com este fim. É isto que motiva as ações de todos os homens, mesmo dos que tiram a própria vida.




A maior parte dos problemas do homem
decorre de sua incapacidade de ficar calado.





E assim é o ser humano: tão vazio que se preenche com qualquer coisa, por mais insignificante que seja.




A falsa humildade é puro orgulho.




Não é no espaço que devo procurar minha dignidade humana, mas na organização do meu pensamento. Não me fará bem possuir terras. Pelo espaço o Universo me agarra e me engole como uma partícula; pelo pensamento sou eu que o agarro.




"O melhor livro de moral é a nossa consciência. Temos que consultá-lo muito frequentemente."




Os homens jamais fazem o mal tão completamente e com tanta alegria como quando o fazem a partir de uma convicção religiosa.




Ninguém é tão ignorante que não tenha algo a ensinar. Ninguém é tão sábio que não tenha algo a aprender.




"Os homens têm um instinto secreto, que os leva a procurar divertimentos e ocupações exteriores, nascido do ressentimento de suas contínuas misérias; e têm outro instinto secreto, resto da grandeza de nossa primeira natureza, que os faz conhecer que a felicidade só está, de fato, no repouso, e não no tumulto; e desses dois instintos contrários, forma-se neles um projeto confuso, que os leva a procurar o repouso pela agitação... E assim se passa toda a vida."






Há um vazio no formato de Deus no coração de todo homem.




A virtude de uma pessoa mede-se não por ações excepcionais, mas pelos hábitos cotidianos.




Não tenho vergonha de mudar de idéia, porque não tenho vergonha de pensar.




Deus tem dado provas suficientes para aqueles com uma mente aberta e coração aberto mas que são suficientemente vagos para não obrigar aqueles cujos corações estão fechados.




O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água, bastam para matá-lo. Mas, mesmo que o universo o esmagasse, o homem seria mais nobre do porque quem o mata, porque sabe que morre e a vantagem que o universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso.









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