sexta-feira, 3 de agosto de 2012

LA ROCHEFOUCAULD





Moralista francês, François 6º, príncipe de Marcillac e, mais tarde, duque de La Rochefoucauld, nasceu em Paris a 15 de setembro de 1613 e morreu na mesma cidade na noite de 16 para 17 de março de 1680. 

Aristocrata, foi destinado à carreira militar, tendo participado da campanha da Itália em 1629. Envolvendo-se em intrigas contra o cardeal Richelieu, em favor da rainha Ana da Áustria, foi preso e exilado em Verteuil, no ano de 1631. Depois da morte de Richelieu, voltou a conspirar contra a corte, tendo participado ativamente da Fronda, a guerra civil que agitou a França entre 1648 e 1653. 

Em 1652, gravemente ferido nos olhos, encerrou sua carreira de soldado e conspirador. Passou em Paris os últimos anos de sua vida, destacando-se nos salões literários, especialmente no de Madame de Sablé.

La Rochefoucauld foi um dos introdutores, e certamente o maior cultor do gênero de máximas e epigramas, divertimento social que ele transformou em gênero literário, escrevendo textos de profundo pessimismo. Seu mais famoso livro, "Reflexões ou sentenças e máximas morais", apareceu pela primeira vez em 1664.

Até a quinta edição do livro, La Rochefoucauld foi condensando suas máximas, ao mesmo tempo em que abrandava o tom, restringindo o seu amargor. Espírito cáustico, amargurado, ele atribui ao amor-próprio um papel preponderante na motivação das ações humanas. Todas as qualidades da nobreza - as falsas virtudes - têm a movê-las o egoísmo e a hipocrisia, atributos inerentes a todos os homens. 

Segundo La Rochefoucauld, a necessidade de estima e de admiração está por trás de toda manifestação de bondade, sinceridade, gratidão. Ele é um pessimista desencantado com o gênero humano. 

Além das "Reflexões", La Rochefoucauld escreveu sua autobiografia, "Memórias de M. D. L. R. sobre as intrigas com a morte de Luís 13, as guerras de Paris e da Guiana e a prisão dos príncipes", que engloba o período entre 1624 e 1632, e que de uma certa maneira serve de base para as conclusões desenvolvidas nas "Reflexões".

Sua obra influenciou profundamente dois outros filósofos: Friedrich Nietzsche e Émile Michel Cioran. 




É melhor empregarmos o nosso espírito em suportar os infortúnios que nos acontecem do que em prever os que nos podem acontecer.


Um verdadeiro amigo é o maior de todos os bens e entretanto, é aquele com que menos nos preocupamos em adquirir.  


No amor, o engano vai quase sempre mais longe do que a desconfiança.


É tão fácil enganar-se a si mesmo sem o perceber, como é difícil enganar os outros sem que o percebam.


Para sabermos bem as coisas, é preciso sabermos os pormenores, e como estes são quase infinitos, os nossos conhecimentos são sempre superficiais e imperfeitos.  


Um homem sensato pode apaixonar-se como um doido, mas não como um tolo.


A nossa desconfiança justifica o engano alheio.



Não basta ter boas qualidades, é preciso poupá-las.


Atormentamo-nos menos para ser felizes do que para mostrarmos que o somos.


O mal que fazemos não suscita tanto a perseguição e o ódio como as nossas boas qualidades.    


Nunca se é tão feliz nem tão infeliz como se imagina.


A vingança procede sempre da fraqueza da alma, que não é capaz de suportar as injúrias.


A verdadeira eloquência consiste em dizer tudo o que é preciso e em só dizer o que é preciso.


A mente é sempre enganada pelo coração.


 Quem vive sem loucura não é tão sábio como pensa.   


O orgulho não quer dever e o amor próprio não quer pagar.


Raramente conhecemos alguma pessoa de bom senso além daquelas que concordam conosco.


Todos temos força suficiente para agüentar os infortúnios dos outros.


O amor é como fogo: para que dure é preciso alimentá-lo.


O primeiro dos bens, depois da saúde, é a paz interior.


As pessoas fracas não podem ser sinceras.


O que nos torna insuportável na vaidade dos outros é que ela colide com a nossa.


O prazer do amor é amar e sentirmo-nos mais felizes pela paixão que sentimos do que pela que inspiramos.


É difícil amar aqueles que não estimamos, mas é mais difícil ainda amar aqueles que estimamos mais do que a nós mesmos.


O ciúme nasce sempre com o amor, mas nem sempre morre com ele.


A confiança que temos em nós mesmos, reflete-se em grande parte, na confiança que temos nos outros.


Quem recusa uma lisonja é porque procura ser lisonjeado duas vezes.


Há pessoas desagradáveis apesar das suas qualidades e outras encantadoras apesar dos seus defeitos.


Quando praticar qualquer falta, procure remediá-la e não desculpá-la.



Se resistimos às nossas paixões, é mais pela fraqueza delas que pela nossa força.


Todas as paixões nos levam a cometer erros, mas o amor faz-nos cometer os mais ridículos.


No ciúme, há mais amor-próprio do que amor.


A fama dos grandes homens devia ser sempre julgada pelos meios que usaram para obtê-la.


Temos mais preguiça no espírito do que no corpo


Os defeitos do espírito aumentam com a idade, tal como os do rosto.


A nossa inveja dura sempre mais tempo que a felicidade daqueles que invejamos.


Ninguém pode pronunciar-se acerca da sua coragem quando nunca esteve em perigo.


Preferimos até dizer mal de nós próprios do que estarmos calados.


Louvam-se ou criticam-se muitas coisas porque está na moda louvá-las ou criticá-las.


A velhice é uma tirania que proíbe, sob pena de morte, todos os prazeres da juventude.


A inveja é mais irreconciliável do que o ódio.



EM CONSTRUÇÃO...