quarta-feira, 6 de junho de 2012

MANUEL DA FONSECA



Escritor português, natural de Santiago do Cacém. 
Iniciou-se em poesia com a publicação de Rosa dos Ventos (1940) e, na ficção, com os contos Aldeia Nova (1942). Ligado ao neo-realismo, evoluíu no sentido de um regionalismo crescente, ligado ao seu Alentejo natal, retratando o povo desta região e a miséria por ele sofrida. 
Colaborou em jornais e revistas e fez parte do grupo do Novo Cancioneiro. Escreveu, para além das obras acima referidas, os volumes de poesia Planície (1941) e Poemas Completos (1958), os contos 
O Fogo e as Cinzas (1951) e Um Anjo no Trapézio (1968), e os romances Cerromaior (1943), Seara de Vento (1958, uma das suas obras de maior êxito), e Tempo de Solidão (1973). Da sua colaboração no jornal A Capital surgiram, em 1986, as Crónicas Algarvias. Preparou, ainda, uma Antologia de Fialho de Almeida (1984)






O Fogo e as Cinzas, de Manuel da Fonseca


O Fogo e as Cinzas, publicado em 1951, é um dos mais significativos livros de contos da moderna literatura portuguesa, onde a arte de Manuel da Fonseca atinge a perfeita maturidade, revelando-se então um escritor de tendência regionalista e de funda preocupação humana, que retrata a vida pobre dos trabalhadores rurais das planícies alentejanas, dando especial realce à sua luta contra a injustiça. Os contos são acerca de um Alentejo dos anos 40 e 50, rústico e em decomposição. Eles nos falam das gentes de uma terra maravilhosa mas pobre: esse Alentejo de há muitas décadas, que assistia aos primeiros passos de um progresso lento. As personagens são crianças, velhos, camponeses, habitantes de pequenas vilas ou cidades, alguns deles condenados à exclusão pela pobreza ou pelo esquecimento - cenas de um passado que em alguns casos se prolongaram até ao presente. O mundo que aparece  na obra corresponde a um Alentejo certamente mitificado no imaginário neo-realista como lugar da revolta dos camponeses contra os latifundiários, mas transcende essa dimensão da luta de classes pela presença de uma panorâmica social mais vasta, em que avulta a personagem um tanto marginal do maltês ou o universo das pequenas vilas modorrentas, cujos habitantes se reúnem no café ou no largo principal, verdadeiro "centro do mundo" para onde convergem as histórias ora dramáticas, ora quase picarescas, que enriquecem narrativamente o conjunto.



RESUMO DO CONTO: O Fogo e as Cinzas DE MANUEL DA FONSECA


O Sr. Portela passa todos os dias da sua vida a pensar no seu passado. Tem muitos acontecimentos que lhe vem á memória com uma intensidade monstruosa. Sem ter necessidade de fazer um grande esforço, os acontecimentos surgem na sua mente como se as pessoas estivessem presentes.
Antoninha Das Dores é a sua maior mágoa. Vive numa amargura diária ao lembrar-se que tinha sido um fogo que lhe arrebatou o seu grande amor. Ainda maior é a sua dor porque a sua amada não morreu nesse fogo, mas sim tinha sido um bombeiro que ao socorrê-la a trouxe para a rua só em camisa de dormir. Esse facto foi determinante. O SR. Portela ainda hoje não consegue viver com o facto de a sua noiva ter sido vista nua por toda a vila.
Passados trinta anos ainda chora o facto de ter sido um acontecimento tão diminuto que lhe arruinou a vida. Antoninha Das Dores vem nos braços de Chico Biló, é esta a imagem que lhe vem mais vezes á memoria.
Passa os dias a correr para o café como tivesse Mestre Poupas bombeiro e André Juliano á espera, mas estes já não estão com ele por motivos diferentes. Mestre Poupas bombeiro já faleceu e André Juliano está preso. Este ultimo era seu grande amigo de infância e colega de escola que deixaram ambos muito cedo. Mestre Poupas bombeiro, conheceu-o quando este veio de Lisboa para trabalhar na vila. Nessa altura andava a vila com problemas com os fogos porque os maiores prejuízos eram os bombeiros improvisados que os provocavam.
Encontravam-se todas as tardes estes três amigos para conversarem. O motivo destas conversas não podia deixar de ser o fogo. Mestre Poupas bombeiro contava-lhes com pormenores como tinha ganho todas aquelas medalhas e condecorações a apagar fogos e o Sr. Portela ouvia com muita atenção. Já André Juliano vivia na angústia do seu pai ser um homem rico e dar-lhe apenas uns míseros vinte e cinco tostões. Foi por causa disto que o Sr. Portela perdeu os seus amigos.
André Juliano deixou de dar pouca atenção aos amigos quando estes falavam de fogo para passar a ser o seu tema preferido, mesmo não admitindo. Ausentou-se durante dois dias e os seus dois amigos ficaram surpreendidos por tal facto, mas lá foi dizendo que teve uns assuntos a tratar.
Passadas umas noites gritou-se” fogo” e Sr. Portela não podia deixar de correr para o local e ao chegar ao local primeiro que todos, verificou que as chamas vinham de casa de André Juliano.
O fogo, esse já se encontrava em estado avançado e ao procurar entre os bombeiros lá encontrou Mestre Poupas de rosto transtornado a apitar sem energia e a dar ordens gaguejadas. Passou a rua para o outro lado e viu Chico Biló que também era da opinião que Mestre Poupas estava com medo do fogo e que se fosse no tempo dele já estaria tudo apagado. Lá veio à memória mais uma vez a imagem de Antoninha das Dores. De repente olhou e viu André Juliano e disse-lhe que havia incêndios que desgraçam um homem para sempre, mas há outros que salvam.
Quando se aperceberam que estaria dentro de casa o pai do seu amigo de infância começaram a gritar por ele. O Sr. Portela pediu ao seu amigo Mestre Poupas que lá fosse dentro salvá-lo. O Mestre ao ouvir tal pedido apercebeu-se que tinha a ver com os actos heróicos que lhe tinha contado. E não querendo dar parte de fraco entrou dentro da casa a arder.
Momentos depois saíam três bombeiros de dentro de casa transportando uma cama de ferro com o corpo calcinado do pai de André Juliano com os pulsos e pernas amarradas á cama.
E quando o Sr. Portela já se preparava para se ir embora, outros dois bombeiros traziam o corpo sem vida de Mestre Poupas com bocados de corda que faltavam na cama ardida.
Hoje já não tem coragem de voltar a ver incêndios, por mais vontade que tenha, mas isso pouca importância tem. Qualquer das maneiras consegue rever a sua desgraça, em casa ou no café senta-se puxa do seu cigarro e Antoninha Das Dores vem. Vem novamente de camisa branca de dormir.
 E é assim que ela fica, horas a fio diante dos seus olhos rasos de água.
Nos últimos tempos quem trás a sua amada nos braços já não é Chico Biló. É Mestre Poupas bombeiro e ao seu lado vem André Juliano.
E assim passa os dias a pensar na sua amada e nos amigos que perdeu num incêndio.

Por: Nuno Soares





VidaVida: 
sensualíssima mulher de carnes maravilhosas 
cujos passos são horas 
cadenciadas 
rítmicas 
fatais. 
A cada movimento do teu corpo 
dispersam asas de desejos 
que me roçam a pele 
e encrespam os nervos na alucinação do «nunca mais». 
Vou seguindo teus passos 
lutando e sofrendo 
cantando e chorando 
e ficam abertos meus braços: 
nunca te alcanço! 
Meu suplício de Tântalo. 
Envelheço... 
E tu, Vida, cada vez mais viçosa 
na oscilação nervosa 
das tuas ancas fecundas e sempre virgens! 
À punhalada dilacero a folhagem 
e abro clareiras 
na floresta milenária do meu caminho. 
Humildemente se rasga e avilta 
no roçar dos espinhos 
minha carne dorida. 
E quando julgo chegada a hora 
meu abraço de posse fica escancarado no ar! 
Olímpica 
firme 
gloriosa 
tu passas e não te alcanço, Vida. 
Caio suado de borco 
no lodo... 
O vento da noite badala nos ramos 
sarcasmos canalhas. 
Não avisto a vida! 
Tenho medo, grito. 
Creio em Deus e nos fantásticos ecos 
do meu grito 
que vêm de longe e de perto 
do sul e do norte 
que me envolvem 
e esmagam: 
— maldita selva, maldita selva, 
antes o deserto, a sede e a morte! 

SolidãoQue venham todos os pobres da Terra 
os ofendidos e humilhados 
os torturados 
os loucos: 
meu abraço é cada vez mais largo 
envolve-os a todos! 

Ó minha vontade, ó meu desejo 
— os pobres e os humilhados 
todos 
se quedaram de espanto!... 

(A luz do Sol beija e fecunda 
mas os místicos andaram pelos séculos 
construindo noites 
geladas solidões.) 

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"

Tu e Eu Meu AmorTu e eu meu amor 
meu amor eu e tu 
que o amor meu amor 
é o nu contra o nu. 

Nua a mão que segura 
outra mão que lhe é dada 
nua a suave ternura 
na face apaixonada 
nua a estrela mais pura 
nos olhos da amada 
nua a ânsia insegura 
de uma boca beijada. 

Tu e eu meu amor 
meu amor eu e tu 
que o amor meu amor 
é o nu contra o nu. 

Nu o riso e o prazer 
como é nua a sentida 
lágrima de não ver 
na face dolorida 
nu o corpo do ser 
na hora prometida 
meu amor que ao nascer 
nus viemos à vida. 

Tu e eu meu amor 
meu amor eu e tu 
que o amor meu amor 
é o nu contra o nu. 

Nua nua a verdade 
tão forte no criar 
adulta humanidade 
nu o querer e o lutar 
dia a dia pelo que há-de 
os homens libertar 
amor que a eternidade 
é ser livre e amar. 

Tu e eu meu amor 
meu amor eu e tu 
que o amor meu amor 
é o nu contra o nu. 

Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"

Dona Abastança«A caridade é amor» 
Proclama dona Abastança 
Esposa do comendador 
Senhor da alta finança. 

Família necessitada 
A boa senhora acode 
Pouco a uns a outros nada 
«Dar a todos não se pode.» 

Já se deixa ver 
Que não pode ser 
Quem 
O que tem 
Dá a pedir vem. 

O bem da bolsa lhes sai 
E sai caro fazer o bem 
Ela dá ele subtrai 
Fazem como lhes convém 
Ela aos pobres dá uns cobres 
Ele incansável lá vai 
Com o que tira a quem não tem 
Fazendo mais e mais pobres. 

Já se deixa ver 
Que não pode ser 
Dar 
Sem ter 
E ter sem tirar. 

Todo o que milhões furtou 
Sempre ao bem-fazer foi dado 
Pouco custa a quem roubou 
Dar pouco a quem foi roubado. 

Oh engano sempre novo 
De tão estranha caridade 
Feita com dinheiro do povo 
Ao povo desta cidade. 

Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"

As BalasDá o Outono as uvas e o vinho 
Dos olivais o azeite nos é dado 
Dá a cama e a mesa o verde pinho 
As balas dão o sangue derramado 

Dá a chuva o Inverno criador 
As sementes da sulcos o arado 
No lar a lenha em chama dá calor 
As balas dão o sangue derramado 

Dá a Primavera o campo colorido 
Glória e coroa do mundo renovado 
Aos corações dá amor renascido 
As balas dão o sangue derramado 

Dá o Sol as searas pelo Verão 
O fermento ao trigo amassado 
No esbraseado forno dá o pão 
As balas dão o sangue derramado 

Dá cada dia ao homem novo alento 
De conquistar o bem que lhe é negado 
Dá a conquista um puro sentimento 
As balas dão o sangue derramado 

Do meditar, concluir, ir e fazer 
Dá sobre o mundo o homem atirado 
À paz de um mundo novo de viver 
As balas dão o sangue derramado 

Dá a certeza o querer e o concluir 
O que tanto nos nega o ódio armado 
Que a vida construir é destruir 
Balas que o sangue derramado 

Que as balas só dão sangue derramado 
Só roubo e fome e sangue derramado 
Só ruína e peste e sangue derramado 
Só crime e morte e sangue derramado. 

AdormecerVai vida na madrugada fria. 

O teu amante fica, 
na posse deste momento que foi teu, 
amorfo e sem limites como um anjo; 
a cabeça cheia de estrelas... 
Fica abraçado a esta poeira que teu pé levantou. 
Fica inútil e hirto como um deus, 
desfalecendo na raiva de não poder seguir-te! 

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"

TragédiaFoi para a escola e aprendeu a ler 
e as quatro operações, de cor e salteado. 
Era um menino triste: 
nunca brincou no largo. 
Depois, foi para a loja e pôs a uso 
aquilo que aprendeu 
— vagaroso e sério, 
sem um engano, 
sem um sorriso. 
Depois, o pai morreu 
como estava previsto. 
E o Senhor António 
(tão novinho e já era «o Senhor António»!...) 
ficou dono da loja e chefe da família... 
Envelheceu, casou, teve meninos, 
tudo como quem soma ou faz multiplicação!... 
E quando o mais velhinho 
já sabia contar, ler, escrever, 
o Senhor António deu balanço à vida: 
tinha setenta anos, um nome respeitado... 
— que mais podia querer? 
Por isso, 
num meio-dia de Verão, 
sentiu-se mal. 
Decentemente abriu os braços 
e disse: — Vou morrer. 
E morreu!, morreu de congestão... 

Manuel da Fonseca, in "Planície"

Antes que Seja TardeAmigo, 
tu que choras uma angústia qualquer 
e falas de coisas mansas como o luar 
e paradas 
como as águas de um lago adormecido, 
acorda! 
Deixa de vez 
as margens do regato solitário 
onde te miras 
como se fosses a tua namorada. 
Abandona o jardim sem flores 
desse país inventado 
onde tu és o único habitante. 
Deixa os desejos sem rumo 
de barco ao deus-dará 
e esse ar de renúncia 
às coisas do mundo. 
Acorda, amigo, 
liberta-te dessa paz podre de milagre 
que existe 
apenas na tua imaginação. 
Abre os olhos e olha, 
abre os braços e luta! 
Amigo, 
antes da morte vir 
nasce de vez para a vida. 

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"


AnsiedadeQuero compor um poema 
onde fremente 
cante a vida 
das florestas das águas e dos ventos. 

Que o meu canto seja 
no meio do temporal 
uma chicotada de vento 
que estremeça as estrelas 
desfaça mitos 
e rasgue nevoeiros — escancarando sóis! 

Noite de Sonhos VoadaNoite de sonhos voada 
cingida por músculos de aço, 
profunda distância rouca 
da palavra estrangulada 
pela boca armodaçada 
noutra boca, 
ondas do ondear revolto 
das ondas do corpo dela 
tão dominado e tão solto 
tão vencedor, tão vencido 
e tão rebelde ao breve espaço 
consentido 
nesta angústia renovada 
de encerrar 
fechar 
esmagar 
o reluzir de uma estrela 
num abraço 
e a ternura deslumbrada 
a doce, funda alegria 
noite de sonhos voada 
que pelos seus olhos sorria 
ao romper de madrugada: 
— Ó meu amor, já é dia!... 

Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"

MeninoNo colo da mãe 
a criança vai e vem 
vem e vai 
balança. 
Nos olhos do pai 
nos olhos da mãe 
vem e vai 
vai e vem 
a esperança. 

Ao sonhado 
futuro 
sorri a mãe 
sorri o pai. 
Maravilhado 
o rosto puro 
da criança 
vai e vem 
vem e vai 
balança. 

De seio a seio 
a criança 
em seu vogar 
ao meio 
do colo-berço 
balança. 

Balança 
como o rimar 
de um verso 
de esperança. 

Depois quando 
com o tempo 
a criança 
vem crescendo 
vai a esperança 
minguando. 
E ao acabar-se de vez 
fica a exacta medida 
da vida 
de um português. 

Criança 
portuguesa 
da esperança 
na vida 
faz certeza 
conseguida. 
Só nossa vontade 
alcança 
da esperança 
humana realidade. 

Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"




Aldeia

Nove casas,
duas ruas,
ao meio das ruas
um largo,
ao meio do largo
um poço de água fria.
Tudo isto tão parado
e o céu tão baixo
que quando alguém grita para longe
um nome familiar
se assustam pombos bravos
e acordam ecos no descampado.













































































































































segunda-feira, 4 de junho de 2012

BERNARD SHAW



Filho de uma família protestante, George Bernard Shaw teve uma instrução irregular, recebendo aulas particulares de um tio.

Aos 16 anos seus pais se separaram e sua mãe e sua irmã foram morar em Londres. Ele ficou com o pai em Dublin e passou a trabalhar em um escritório. Com o desejo de se tornar escritor, também mudou-se para Londres em 1876.

Bernard Shaw escreveu cinco romances (o primeiro deles intitulado "Immaturity"), sem publicá-los. Acabou se envolvendo com a política e, ao fazer comícios, desenvolveu um discurso enérgico, percebido em seus textos.

Com Beatrice e Sidney Webb fundou a Fabian Society, uma organização que visava transformar a Grã-Bretanha num estado socialista por meio de uma legislação progressista, com base na educação das massas.

Shaw dava palestras e escrevia panfletos. Paralelamente Shaw trabalhou como crítico de arte e crítico musical e, posteriormente, como crítico teatral para a "Saturday Review".

Em 1891, escreveu sua primeira peça, "The Widower's Houses". Ao longo dos anos seguintes, produziu mais de uma dúzia de peças, embora poucos teatros de Londres quisessem produzi-las. São dessa época "Arms and The Man" e "Mrs.Warren's Profession".

Em 1898, após uma enfermidade, Shaw se aposentou como crítico teatral e se casou com Charlotte Payne-Townsend, uma irlandesa de posses. O casamento durou até a morte de Charlotte, em 1943.

Em 1912, Shaw escreveu "Pigmaleão", que se transformaria no musical "My Fair Lady".

O escritor permaneceu atuante na Fabian Society, no governo da cidade e nos comitês encarregados de eliminar o rigor da censura na dramaturgia e de fundar um teatro nacional subsidiado.

O início da guerra, em 1914, representava, para Shaw, a queda do sistema capitalista e um trágico desperdício de jovens. O escritor passou a expressar suas opiniões em uma coluna jornalística, intitulada Consenso sobre a guerra. Esses artigos se transformaram em um desastre para a imagem de Shaw, que passou a ser tratado como um despatriado e até um traidor.

Shaw só conseguiu escrever uma única grande peça durante os tempos da guerra, "Heartbrake House", na qual projetava sua amargura e desesperança em relação à política e à sociedade britânicas.

Após a guerra, Shaw produziu uma série de cinco peças, entre elas "Back to Methuselah" e "Saint Joan". Em 1925, ganhou o prêmio Nobel de Literatura.

Em 1950, Shaw caiu de uma escada, quando enfeitava uma árvore em sua propriedade, na cidade de Hertfordshire, arredores de Londres. Faleceu poucos dias depois devido a complicações do acidente, aos 94 anos de idade.





A falta de dinheiro é a raiz de todo o mal.




Quando, neste mundo, um homem tem qualquer coisa para dizer, o mais difícil não é fazer-lho dizer, mas impedi-lo de o dizer vezes de mais.




O silêncio é a mais perfeita expressão do desprezo.




A virtude consiste não só em abster-se do vício, mas também em não o desejar.




Uma mulher preocupa-se com o futuro até encontrar um marido, enquanto um homem apenas se preocupa com o futuro depois de encontrar uma mulher.




Nada é feito neste mundo até que os homens estejam prontos a se matarem uns aos outros para que seja feita alguma coisa.




O que realmente deixa um homem lisonjeado é o fato de você o considerar digno de adulação.




Noutros tempos houve amores platônicos, hoje há matrimónios platônicos.












Um jornal é um instrumento incapaz de discernir entre uma queda de bicicleta e o colapso da civilização.



De todas as perversões sexuais a castidade é a mais perigosa.




A reputação de um médico se faz pelo número de pessoas famosas que morrem sob seus cuidados.




A democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria incompetente.




Do modo como a concebemos, a vida em família não é mais natural para nós do que uma gaiola é para um papagaio.




Presume-se que a mulher deve esperar, imóvel, até ser cortejada. Mais ou menos como a aranha espera a mosca.




A razão escraviza todas as mentes que não são suficientemente fortes para a dominarem.




Os capazes criam, os incapazes ensinam.




A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos.




Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem 'Por quê?' Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo 'Por que não ?'




Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela.




Não há satisfação em enforcar um homem que não faz objeção a isso.




Nenhuma pergunta é tão difícil de se responder quanto aquela cuja resposta é óbvia.







O dinheiro é, na verdade, a coisa mais importante do mundo; e toda a moralidade sólida e bem sucedida, pessoal ou nacional, deverá basear-se neste fator.




Se todos os economistas fossem postos lado a lado, nunca chegariam a uma conclusão.




A dança: uma expressão perpendicular de um desejo horizontal.




As pessoas que sobem neste mundo são as pessoas que se levantam e procuram o que querem, e que, se não o encontrarem, fazem-no.




Todas as religiões são conspirações contra os profanos.




Um homem é tão mais respeitável quanto mais numerosas são as coisas das quais se envergonha.




As nossas escolas ensinam a moral feudal corrompida pelo comércio e oferecem como modelo de homens ilustres e que tiveram sucesso o militar conquistador, o barão ladrão e o explorador.




Quando eu era moço observei que nove das dez coisas que eu fazia fracassavam. Como não desejava fracassar, eu trabalhava dez vezes mais.




Tudo o que os jovens podem fazer pelos velhos é escandalizá-los e mantê-los atualizados.




Há duas tragédias na vida. Uma é a de não obter tudo o que se deseja ardentemente; a outra, a de obtê-lo.




Quando um estúpido faz algo de que se envergonha, diz sempre que esse é o seu dever.


Imaginar é o princípio da criação. Nós imaginamos o que desejamos, queremos o que imaginamos e, finalmente, criamos aquilo que queremos.




Nunca resisto a tentações, porque eu descobri que coisas que são ruins para mim não me tentam.




O especialista é um homem que sabe cada vez mais sobre cada vez menos, e por fim acaba sabendo tudo sobre nada.




O homem razoável se adapta ao mundo; o irascível tenta adaptar o mundo a si próprio. Assim, o progresso depende do homem irascível.




O pior pecado contra nosso semelhante não é o de odiá-los, mas de ser indiferentes para com eles.




Os espelhos são usados para ver o rosto; a arte para ver a alma.




Professores de grego são pessoas privilegiadas: poucos deles sabem grego e, os que sabem, não sabem mais nada.




Uma boa esposa é um grande consolo para o homem em todos os contratempos e dificuldades - que ele nunca haveria de ter se tivesse continuado solteiro.




Quando um homem quer matar um tigre, chama a isso desporto; quando é o tigre que quer matá-lo, chama a isso ferocidade. A distinção entre crime e justiça não é muito grande.




O progresso é impossível sem mudança. Aqueles que não conseguem mudar as suas mentes não conseguem mudar nada.




A minha maneira de brincar é dizer a verdade. É a brincadeira mais divertida do mundo.




A escravatura humana atingiu o seu ponto culminante na nossa época sob a forma do trabalho livremente assalariado.




Uma vida inteira de felicidade! Nenhum homem vivo conseguiria suportá-la. Seria o inferno.




Enquanto tiveres um desejo, terás uma razão para viver. A satisfação é a morte.




O segredo do sucesso é ofender o maior número de pessoas.




A democracia é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes.




A juventude é uma coisa maravilhosa. Que pena desperdiçá-la em jovens.




Não faças aos outros o que gostarias que te fizessem a ti. O gosto deles pode não ser o mesmo.




Temos tempo bastante para pensar no futuro quando já não temos futuro em que pensar.




Todas as profissões são conspirações contra os leigos.




A sabedoria dos homens é proporcional não à sua experiência mas à sua capacidade de adquirir experiência.




Cuidado com o homem cujo Deus está no céu.




A ciência nunca resolve um problema sem criar pelo menos outros dez.




Todas as grandes verdades começam por ser blasfêmias.




Se ao menos os pais soubessem como chateiam os filhos!




Cuidado com o homem que não devolve a bofetada. Ele não a perdoou, nem permitiu que você se perdoasse.





Se ofenderes o teu vizinho, é melhor não o fazeres pela metade




Há uma única religião, embora haja centenas de versões da mesma.




O ódio é a vingança do covarde.




A simplicidade é o que há de mais difícil no mundo: é o último resultado da experiência, a derradeira força do gênio.




A ansiedade e o medo envenenam o corpo e o espírito.







O segredo para ser infeliz é ter tempo livre para se preocupar se se é feliz ou não.




Tempo livre não significa repouso. O repouso, como o sono, é obrigatório. O verdadeiro tempo livre é apenas a liberdade de fazermos o que queremos, mas não de permanecermos no ócio.






O maior pecado para com os nossos semelhantes, não é odiá-los mas sim tratá-los com indiferença; é a essência da desumanidade.




O matrimônio não é a loteria. Na loteria algumas vezes ganha-se.




O nosso direito de consumir felicidade sem produzi-la não é maior do que o de consumir riquezas sem produzi-las.




A virtude não passa de tentação insuficiente.




Não existe amor mais sincero do que aquele pela comida.




Procura desenvolver os dotes inteletuais e morais e a felicidade apresentar-se-á.




Existem duas tragédias na vida. A primeira é de não conseguir tudo aquilo que desejamos. A segunda é de conseguí-las.




As pessoas que vencem neste mundo são as que procuram as circunstâncias de que precisam e, quando não as encontram, as criam.




Não tenho preconceitos, odeio a todos igualmente.




Atrocidades não deixam de ser atrocidades quando cometidas em laboratórios e chamadas de pesquisa médica.




"Um homem nunca te diz algo até que você o contradiga."




Dizer que um crente é mais feliz que um cético é como dizer que um bêbado é mais feliz do que um sóbrio.


Pouca gente pensa mais de duas ou três vezes por ano; eu ganhei reputação internacional a pensar duas ou três vezes por semana.


"Essa é a verdadeira alegria na vida, ser útil a um objetivo que você reconhece como grande"


Precisamos de algumas pessoas malucas, vejam só para onde as pessoas normais nos levaram.


A democracia é um sistema que faz com que nunca tenhamos um governo melhor do que merecemos.


Ninguém acredita que a Bíblia quer dizer o que diz;
estamos sempre convencidos de que ela diz 
o que queremos dizer.


É melhor você se manter limpo e brilhante; você é a janela pela qual você deve ver o mundo.


O único homem que eu conheço que se comporta sensatamente é o meu alfaiate; ele toma minhas medidas novamente a cada vez que ele me vê. O resto continua com suas velhas medidas e espera que eu me encaixe nelas.


Uma vida gasta cometendo erros não é apenas mais honrosa, mas mais útil que uma vida não fazendo nada.


Não é a incredulidade que é perigosa para nossa sociedade; é a crença.


O poder não corrompe os homens; mas os tolos, se eles adquirem uma posição de poder, eles a corrompem.


O sucesso encoberta uma multidão de tolices.


Nós não paramos de brincar porque ficamos velhos,nós ficamos velhos porque paramos de brincar