sexta-feira, 30 de março de 2012

ESPINOSA




Espinosa nasceu em 1632 e morreu com apenas 45 anos. Viveu toda a sua vida nos países baixos, em Amesterdão, Rijnsburg, Voorburg e Haia. Ao contrário do mito que o rodeia, não era um solitário que polia lentes e escreveu em reclusão a sua magna obra. Esta ideia popular acerca dos filósofos, aliás, raramente corresponde à verdade; como afirma Mary Warnock, "os filósofos são por natureza faladores e epistolares; só raramente preferem sentar-se a pensar, isolados dos seus pares". Espinosa mantinha muitos contactos intelectuais e tinha muitos amigos — o que explica aliás o rápido aparecimento, logo após a sua morte, da Ética, uma das obras mais importantes da filosofia ocidental.
O avô de Espinosa era lisboeta e viveu alguns anos na Vidigueira, no Alentejo. Mas foi obrigado a fugir para Amesterdão quando a louca perseguição portuguesa aos judeus se tornou intolerável. Espinosa, todavia, haveria mais tarde de provocar nos próprios judeus o mesmo tipo de fervor religioso que levou a sua família a ser expulsa de Portugal: foi expulso da comunidade judaica e o texto dessa excomunhão é das coisas mais violentas que já li. Religião e tolerância têm tendência para ser como azeite e água: não se misturam.
Espinosa falava português e esta era a língua que se falava em sua casa e nas ruas de Amesterdão, que acolhia uma enorme comunidade judaica proveniente de Portugal. A língua usada nos estudos bíblicos era o hebraico, e o latim era a língua da literatura, da cultura e da ciência em geral. Espinosa dominava todas estas línguas, além do holandês e do espanhol. A sua obra foi escrita em latim, e traduzida para holandês. Durante a sua vida, Espinosa só publicou duas obras.
Os Princípios da Filosofia de Descartes (1663), de Espinosa, é uma exposição "geométrica" da filosofia de Descartes, e foi publicada a pedido dos seus amigos e correspondentes. Esta obra granjeou-lhe logo uma boa reputação entre os livres-pensadores. Efectivamente, Descartes representava na altura a novidade perigosa do pensamento filosófico. Representando um corte profundo com a tradição escolástica anterior, não aceitando argumentos de autoridade e estando aberta aos últimos desenvolvimentos científicos da época, a obra de Descartes era vista com maus olhos e era comum ser leitura proibida nas miseráveis universidades holandesas da altura. E se pensarmos que a Holanda era um dos países mais liberais da Europa, consegue-se perceber melhor o contexto intelectualmente sufocante em que Espinosa viveu. Este contexto, aliás, viria a influenciar decisivamente as suas ideias políticas e religiosas, sendo um defensor intransigente da liberdade religiosa e de pensamento. Por vezes, as pessoas perguntam-se para que serve a filosofia por desconhecerem que muitos dos valores e instituições que herdámos são o fruto, precisamente, do pensamento filosófico mais esclarecido.
Mas a obra que projectou Espinosa além-fronteiras como um filósofo de primeira linha foi oTractatus Theologico-Politicus (1670). É nesta obra que Espinosa defende exaustivamente a liberdade religiosa e política, usando o seu conhecimento profundo do Velho Testamento para pela primeira vez analisar de um ponto de vista histórico o Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia.
Espinosa faz parte do grande trio de racionalistas modernos, juntamente com Descartes e Leibniz. Trio este que é habitual opor ao trio de empiristas modernos: Locke, Berkeley e Hume. A filosofia contemporânea é na sua maior parte o fruto da filosofia empirista, mas as suas tremendas limitações estão a tornar-se cada vez mais evidentes e assiste-se hoje a uma reabilitação tímida da filosofia racionalista. A diferença que opõe as duas correntes é esta: enquanto para os racionalistas o conhecimento mais nobre e certo tem origem na razão apenas, os empiristas defendem que a razão nada pode descobrir que não tenha origem nos dados dos sentidos. A grande dificuldade da filosofia racionalista é explicar exactamente como conhecemos, sem recorrer à experiência, as grandes verdades sobre o mundo. E era neste ponto que os empiristas sempre insistiam na sua oposição ao racionalismo. Mas é cada vez mais evidente hoje que a filosofia empirista é incapaz de explicar a origem empírica até de verdades como "Todo o objecto verde tem cor", quanto mais de aparentes verdades substanciais como "A água é necessariamente H2O". Kant foi a primeira tentativa de fundir o racionalismo com o empirismo, mas falha precisamente por conduzir ao idealismo e à ideia absurda de que o mundo é uma construção nossa.
As razões que levaram Espinosa a ser excomungado são relativamente simples. Sendo um crente, Espinosa cedo percebeu que a concepção judaica (e cristã) de Deus é absurda. A expressão "o deus dos filósofos" foi usada pela primeira vez para falar do conceito de Deus de Espinosa. O deísmo posterior, muito popular durante o Iluminismo, é um descendente um pouco desfigurado do deus dos filósofos. Espinosa não acreditava na imortalidade da alma, nem nos milagres, nem num deus estilo juiz de última instância, de barbas brancas, sentado num púlpito. Espinosa achava que estas eram formas humanas primitivas de representar Deus. E também não tinha em grande conta as instituições religiosas, com os seus rituais, proibições, hierarquias e anátemas. Não admira que tenha sido rapidamente expulso e encarado como ateu. A concepção que Espinosa nos oferece de Deus é demasiado abstracta para responder às ansiedades dos crentes, que querem precisamente o colorido dos milagres, a maravilha das tarde tranquilas do paraíso a coser meia, e um deus-pai que olha por nós e garante que os mauzões são castigados e os bonzinhos têm direito à sobremesa — e tudo isto sem exigir de nós o esforço de pensar. Esta teologia barata está nos antípodas do conceito de Deus de Espinosa, que era apenas a manifestação da estrita necessidade das leis do universo.
Para Espinosa, tudo o que ocorre está determinado pelas leis necessárias da natureza. E Deus mais não é do que esta natureza inexorável. O pensamento modal de Espinosa é tipicamente racionalista. Como Leibniz, Espinosa defende que só o nosso conhecimento imperfeito nos faz pensar que há contingências no mundo, isto é, coisas que acontecem mas poderiam não ter acontecido. Este tipo de concepção da natureza modal do mundo contrasta fortemente com a concepção empirista segundo a qual, pelo contrário, tudo quanto acontece é perfeitamente contingente. Assim, Espinosa diria que quando chove isso é um acontecimento necessário, fruto das leis inexoráveis da natureza, apesar de poder parecer perfeitamente contingente. Ao passo que um empirista como Hume diria que quando um cometa passa pela trajectória previamente calculada isso é um acontecimento que poderia perfeitamente não ter acontecido, só o nosso fantasioso hábito mental de pensar em termos causais nos faz ter a ilusão de que se trata de um acontecimento inteiramente determinado por causas anteriores.
A vida de Espinosa é uma das mais obscuras. Pouco se sabe dele, do que fazia, ou até qual era a sua aparência. Há um único retrato da época, que surge na capa desta biografia de Nadler, mas pensa-se que não terá sido pintado na presença de Espinosa. Os seus dois biógrafos recentes, Nadler, que acaba de ser editado entre nós, e Gulan-Whur, editada em língua inglesa pela Pimlico em 2000, resolvem este problema de modos distintos. Gulan-Whur dá asas à imaginação e à inferência ousada. Nadler, mais comedido, aproveita para nos apresentar uma história pormenorizada dos tempos de Espinosa, dos seus correspondentes e amigos.
Há qualidades de Espinosa, todavia, que transparecem em ambas as biografias. Espinosa era afável, cultivava a amizade, tinha um grande amor ao conhecimento, e era um talentoso geómetra. O que mais impressionou este crítico, todavia, foi a sua tranquila força de vontade. Espinosa partilha com Schlick e Pitágoras a honra pouco invejável de ter sido dos poucos filósofos da história a ser vítimas de um atentado à sua vida. Mas ao contrário de Schlick e Pitágoras, Espinosa escapou com vida. Na verdade, pouco se sabe deste episódio. Aparentemente, um judeu mais fervoroso achou por bem endireitar as linhas tortas em que Deus escreve, de navalha em punho, mas falhou. Até este incidente capaz de fazer qualquer pessoa mudar de rumo não deteve Espinosa.
A mãe de Espinosa morreu quando ele tinha 6 anos e o seu pai quando ele tinha apenas 22. Herdou o negócio do pai e geriu a coisa o melhor que conseguiu, mas cedo deixou o negócio para se dedicar ao estudo. É um caso raro de alguém que renunciou realmente aos bens materiais para se tornar filósofo. Viveu o resto da vida de forma muito modesta, mas, tanto quanto se sabe, relativamente confortável. Alguns amigos e correspondentes ajudavam-no quando podiam. E vivia de dar explicações. Granjeou fama também como polidor de lentes, um trabalho onde podia aplicar os seus conhecimentos de óptica.
Descartes é um dos filósofos mais claros e lógicos da história, mas Espinosa levou a exigência de rigor de Descartes às últimas consequências. Concebeu a filosofia como uma espécie de geometria, com os seus axiomas, postulados, teoremas, corolários, definições e proposições. Não se pode dizer que o resultado tenha a elegância ática de Descartes ou Russell, mas é sem dúvida um monumento a uma forma rigorosa de pensar filosoficamente.
Espinosa começou por estudar profundamente Descartes. As suas explicações sobre a filosofia cartesiana eram célebres e atraíram um grupo de estudantes entusiásticos. Mas o pensamento de Espinosa cedo começou a tornar-se autónomo. E mais uma vez foram os seus amigos e estudantes que o estimularam, lendo criticamente os seus manuscritos, levantando-lhe dificuldades, pedindo-lhe esclarecimentos.
Depois da sua morte, Espinosa foi durante um século o bobo da corte: o filósofo mais comentado e menos lido. Bayle, Hume, Berkeley e Locke sentiram necessidade de mostrar que as ideias ateias de Espinosa eram tolas e que nem mereciam atenção. Mas, de todos, só Bayle mostra ter lido realmente o filósofo, apesar de o ter interpretado mal. Kant, no seu imenso estudo, ignora Espinosa. E até Leibniz, que chegou a visitar Espinosa, tratou de tentar que as suas ideias fossem apagadas da história. Mas as ideias são viroses que podem adormecer durante séculos para voltar a acordar com mais força. Lessing, em 1780, choca os seus pares declarando-se discípulo de Espinosa. Goethe apaixona-se pelas ideias do judeu. E só então se começa a fazer alguma justiça ao pensamento de Espinosa — pelo menos no sentido de se ler a sua obra com atenção.
É impressionante o resultado do preconceito religioso. Só porque Espinosa defendia uma versão extremamente abstracta de Deus, era considerado ateu. Porque não acreditava na vida além da morte, era considerado uma ameaça. Porque achava que era a vida terrena que devia ser bem vivida, era considerado uma ameaça à ordem social. Contudo, Espinosa era apenas um investigador honesto, que procurava a verdade e defendia as suas ideias com o mais importante instrumento inventado por mão humana: a argumentação cuidada. A melhor homenagem que podemos prestar a Espinosa não é, pois, a repetição acrítica das suas palavras, as interpretações interpretantes, a desocultação das vertentes ocultas do seu pensar, mas antes a simples discussão crítica, directa e clara das suas ideias — o que os seus próprios amigos faziam, para seu deleite.
Desidério Murcho




Não é uma ação que vence uma paixão. É uma paixão mais forte que vence outra mais fraca.


Quem vive dirigido pela Razão, se esforça, tanto quanto pode, por compensar pelo Amor e pela Generosidade, o Ódio o Desprezo que tem outrem por ele.


A felicidade é a compreensão lógica do mundo e da vida.


Não chore; não se revolte. Compreenda.



Tenho-me esforçado por não rir das ações humanas, por não deplorá-las nem odiá-las, mas por entendê-las.


O arrependimento é um segundo pecado.



FRANCIS BACON




Francis Bacon nasceu em Londres, em 22 de janeiro de 1561, e morreu na mesma cidade em 9 de abril de 1626. Sua educação orientou-se para a vida política, na qual alcançou posições elevadas. Filho de Nicholas Bacon e Ann Cooke Bacon, a mãe de Francis Bacon falava cinco idiomas e foi considerada como uma das mulheres mais eruditas de sua época.

Eleito em 1584 para a Casa dos Comuns, sucessivamente desempenhou, durante o reinado de Jaime 1º, as funções de procurador-geral, fiscal-geral, guarda do selo e grande chanceler. Em 1618 foi nomeado barão de Verulam e, em 1621, visconde de St. Albans. Acusado de corrupção pela Casa dos Comuns, foi condenado ao pagamento de pesada multa e proibido de exercer cargos públicos.

A obra de Bacon representa tentativa de realizar o vasto plano de "Instauratio magna" ("Grande restauração"). De acordo com o prefácio do "Novum organum" ("Novo método"), publicado em 1620, a "Grande restauração" deveria desenvolver-se através de seis partes: "Classificação das ciências", "Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza", "Fenômenos do universo ou História natural e experimental para a fundamentação da filosofia", "Escala do entendimento ou O fio do labirinto", "Introdução ou Antecipações à filosofia segunda" e "Filosofia segunda ou Ciência nova".

A realização desse plano compreendia uma série de tratados que, partindo do estado em que se encontrava a ciência da época, estudavam o novo método que deveria substituir o de Aristóteles, descreviam o modo de se investigarem os fatos, passavam ao plano da investigação das leis e voltavam ao mundo dos fatos, para nele promoverem as ações que se revelassem possíveis.

Obviamente, a impossibilidade de realizar obra de tamanho vulto foi logo percebida por Bacon, que produziu apenas certo número de tratados. Não obstante, a primeira parte da "Grande restauração" chegou a completar-se e se encontra nos "Nove livros sobre a dignificação e progressos da ciência". O "Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza" apareceu em 1620.
 

Esboço racional de metodologia científica

Preliminarmente, Bacon propõe a classificação das ciências em três grupos: 1º) a poesia ou ciência da imaginação; 2º) a história ou ciência da memória; 3º) a filosofia ou ciência da razão. A história ele a subdivide em história natural e história civil. Na filosofia, distingue entre a filosofia da natureza e a antropologia.

No que se refere ao "Novum organum", Bacon se preocupou inicialmente com a análise dos fatores (ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos no domínio da ciência. Classificou-os em quatro grupos: 1º) os ídolos da raça; 2º) os ídolos da caverna; 3º) os ídolos da vida pública; 4º) os ídolos da autoridade. Os primeiros correm por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. Os "ídolos da caverna" resultam da própria educação e da pressão dos costumes. Os "ídolos da vida pública" vinculam-se à linguagem e decorrem do mau uso que dela fazemos. Finalmente, os "ídolos da autoridade" decorrem da irrestrita subordinação à autoridade; por exemplo, a de Aristóteles.

O "Novum organum" é a expressão de uma perspectiva que tanto se afasta do empirismo radical quanto do racionalismo exagerado - ambos duramente criticados por Bacon.

Em função da nova metodologia, e como meio de realizar a busca das formas que se poderão revelar como regularidades no domínio dos fatos, Bacon recomenda o uso de três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua de presença, a tábua de ausência ou de declinação e a tábua de comparação. A primeira registra a presença das formas que se investigam; a segunda possibilita o controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes; finalmente, na última tábua registram-se as variações que as referidas formas manifestam.

Embora Bacon não tenha realizado nenhum progresso nas ciências naturais, ele foi o autor do primeiro esboço racional de uma metodologia científica. E sua teoria dos "ídolos" antecipa, em germe, a moderna sociologia do conhecimento.

Bacon também foi notável escritor: seus "Ensaios" são os primeiros modelos de prosa inglesa moderna.


A verdade é filha do tempo, não da autoridade.


A consciência é a estrutura das virtudes.


A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas.


Evitar superstições é outra superstição.


O falar incessantemente por hipérboles só se adapta bem ao amor.


O homem deve criar as oportunidades e não somente encontrá-las.


Todas as cores concordam no escuro.


É um estranho desejo, desejar o poder e perder a liberdade


A esperança é um bom almoço mas um mau jantar.


Aquele que não consegue perdoar aos outros, destrói a ponte por onde irá passar.


O dinheiro é um bom criado, mas um mau senhor.


Escolher o seu tempo é ganhar tempo.


Alguns desprezam a riqueza porque desprezam a ideia de enriquecer.


Um pouco de filosofia leva a mente humana ao ateísmo, mas a profundidade da filosofia leva-a para a religião.


A sabedoria dos crocodilos consiste em verter lágrimas quando querem devorar.


O dinheiro é como o adubo, não é bom se não for distribuído.


Aquele que tem mulher e filhos entregou reféns ao destino; é que eles são um obstáculo aos grandes empreendimentos, quer sejam virtuosos ou mal formados.


O silêncio é a virtude dos loucos.


Todo o acesso a uma alta função se serve de uma escada tortuosa..


O tempo é o maior inovador.


A prosperidade não está isenta de muitos temores e desprazeres, e a adversidade não está desprovida de conforto e esperança.


A glória assemelha-se ao mercado: por vezes, quando nos demoramos, os preços baixam.


Não há nada que faça um homem suspeitar tanto como o fato de saber pouco.


A leitura traz ao homem plenitude, o discurso segurança e a escrita exactidão.


A discrição é para a alma o que o pudor é para o corpo.


Gostaria de viver para estudar e não de estudar para viver.


São todos maus descobridores, os que pensam que não há terra quando conseguem ver apenas o mar.


O homem cortês está certo de que o seu coração não será jamais uma ilha solitária.


Todo o homem se descobre sete anos mais velho na manhã seguinte ao casamento.


Uma pergunta prudente é metade da sabedoria.


Os jovens estão mais aptos a inventar que a julgar; mais aptos a executar que a aconselhar; mais aptos a tomar a iniciativa que a gerir.


O costume é o principal moderador dos atos humanos. Esforcemo-nos por adquirir e conservar bons costumes.


O futuro do homem está oculto no seu saber.


Não se aprende bem a não ser pela experiência.


Não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar.


Não há beleza perfeita que não contenha algo de estranho nas suas proporções.


A vingança é uma espécie de justiça selvagem.


Um quadro não pode exprimir a maior parte da beleza.


A baixeza mais vergonhosa é a adulação.


Nada provoca mais danos num Estado do que homens astutos a quererem passar por sábios.


A riqueza é para ser gasta.


Em geral, na natureza humana existe mais tolice do que sabedoria.


Há livros de que apenas é preciso provar, outros que têm de se devorar, outros, enfim, mas são poucos, que se tornam indispensáveis, por assim dizer, mastigar e digerir.


O modo mais seguro de prevenir as revoltas... é eliminar a sua matéria.


Aquele que dá bons conselhos, constrói com uma mão; aquele que dá bons conselhos e exemplo, constrói com ambas; o que dá boa admoestação e mau exemplo constrói com uma mão e destrói com a outra.


Sempre se admitiu que a poesia participava do divino porque eleva e arma o espírito submetendo a aparência das coisas aos desejos da alma, enquanto a razão constrange e submete o espírito à natureza das coisas.



As obras e fundações mais nobres nasceram de homens sem filhos.


Não busqueis riquezas com arrogância, mas apenas as que possais obter justamente, não moderadamente, distribuei alegremente, e partai satisfeitos.


As esposas são amantes dos homens mais jovens, companheiras para a meia-idade e amas para os velhos.


Um homem de bom senso saberá criar melhores oportunidades do que aquelas que se lhe deparam.


Há pouca amizade no mundo, sobretudo entre pessoas da mesma classe.


Não há solidão mais triste do que a do homem sem amizades. A falta de amigos faz com que o mundo pareça um deserto.


Quem se comporta gentil e cortesmente com o estrangeiro é um cidadão do mundo


Não há equívoco maior do que confundir homens inteligentes com sábios


A prosperidade prontamente descobre o vício; mas a adversidade logo descobre a virtude.


A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil; e o escrever dá-lhe precisão.


"A pior solidão é não ter amizades verdadeiras."


Os homens temem a morte, como as crianças temem a escuridão.


As condutas, assim como as doenças, são contagiosas


"Triste não é mudar de idéia. Triste é não ter idéias para mudar".


Uma coisa é certa: o homem que que planeja a vingança procura manter suas chagas abertas, caso contrario elas podem sarar e ele, desistir


Mas os homens devem saber que só Deus e os anjos podem ser espectadores do teatro da vida humana.


A vingança nos torna igual ao inimigo;
O perdão nos torna superiores a ele.


O conhecimento é em si um poder.


Se um homem começar com certezas, ele deverá terminar em dúvidas; mas se ele se satisfizer em começar com dúvidas, ele deverá terminar em certezas


"Se um homem é gentil com desconhecidos, isto mostra que ele é um cidadão do mundo, e que seu coração não é uma ilha que foi arrancada de outras terras, mas um continente que se une a eles."





TALES DE MILETO




Tales de Mileto (640 a.C.- 550 a.C.) foi considerado o primeiro filósofo e fundador da Escola Jônica (a Jônia era uma região situada no litoral da porção asiática das colônias gregas). Foi geômetra e astrônomo, ficou famoso por ter previsto um eclipse solar no ano de 585 a.C.
Elaborou uma nova forma de pensar, diferente do modelo mítico que encontrava explicações sobre a realidade nos deuses. Suas investigações eram baseadas na observação das coisas, tentando buscar um princípio (arkhé) que permanecesse, apesar do fluir das coisas.
Tales encontrou na água essa substância de onde tudo se origina e para onde tudo retorna na sua existência passageira. Essa posição deve-se ao fato de Tales observar que os animais, as plantas etc., necessitam de água para sobreviver e se desenvolver. Além disso, o mundo até então conhecido também parecia estar "sobre a água”, rodeado e sustentado por ela. Daí Tales acreditar que o princípio universal que cria e rege todas as coisas ser a água.
Disso decorre que a alma, como vida, também era constituída de água e, assim sendo, “todas as coisas estariam cheias de deuses”. Dessa forma, pôde Tales declarar que a magnésia (ímã) atrai o ferro por também possuir uma alma.

Com isso, Tales inaugura uma nova forma de abordar os fenômenos naturais, buscando encontrar noções de causa e origem para a realidade, mas que fossem explicadas não mais pelos desígnios dos deuses e sim pela observação racional que identifica um princípio oculto que gera todas as coisas.

Por João Francisco P. Cabral
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 










IMPORTÂNCIA DE TALES

imagem10.gif (5402 bytes)     Caráter dedutivo que deu à ciência
imagem10.gif (5402 bytes)   Através de Tales e sua escola filosófica os gregos começaram a reunir em corpo a ciência matemática que provinha dos Egípcios e Caldeus
imagem10.gif (5402 bytes)   Aumentaram os conhecimentos desta ciência, Matemática, em diversos sentidos


A esperança é o único bem comum a todos os homens; aqueles que nada mais têm - ainda a possuem.

Espera de teu filho o que fizeste com teu pai


Muitas palavras não indicam necessariamente muita sabedoria.


A coisa de maior extensão no mundo é o universo, a mais rápida é o pensamento, a mais sábia é o tempo e mais cara e agradável é realizar a vontade de Deus.


Nunca faças o que te desagrada ver fazer a outros.


Toma para ti o conselho que dá aos outros.


Procure sempre uma ocupação; quando o tiver não pense em outra coisa além de procurar fazê-lo bem feito.


O que há mais difícil neste mundo é o homem conhecer a si mesmo.



Ajuda teu semelhante a levantar sua carga, mas não a carregues.







quinta-feira, 29 de março de 2012

MILLÔR FERNANDES


Millôr Viola Fernandes (16 de agosto de 1923 - 27 de março de 2012) foi um cartunista, jornalista, cronista, dramaturgo, roteirista, tradutor e poeta brasileiro. Nasce no Rio de Janeiro, em 1923, filho do engenheiro Francisco Fernandes e de Maria Viola Fernandes.

Nasceu Milton Viola Fernandes, tendo sido registrado, graças a uma caligrafia duvidosa, como Millôr, o que veio a saber na adolescência. Órfão de pai aos dois anos e de mãe aos 11, desde muito cedo começa a trabalhar. Aos 15 anos entra para a revista O Cruzeiro como contínuo. Aos 16 anos, convidado para colaborar na revista A Cigarra, cria o pseudônimo Vão Gôgo. Em 1943 volta para a revista O Cruzeiro, que passa, ao longo dos anos, de 11 mil exemplares para 750 mil exemplares semanais. Em 1946, faz sua estréia literária com o livro Eva sem Costela - um livro em defesa do homem, e sete anos depois é montada sua primeira peça de teatro, Uma Mulher em Três Atos. Em 1964 edita a revista humorística O Pif-Paf, considerada uma das pioneiras da imprensa alternativa, e quatro anos depois participa da fundação do jornal O Pasquim. 

Cartunista, vem colaborando nos principais órgãos da imprensa brasileira; cronista, tem mais de 40 títulos publicados; dramaturgo, alcançou sucessos como Liberdade, Liberdade (em parceria com Flávio Rangel), Computa, computador, computa e É..; artista gráfico, tem trabalhos expostos em várias galerias de arte do Rio de Janeiro e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ. Faz roteiros de filmes, programas de televisão, shows e musicais e é um dos mais solicitados tradutores de teatro do país. Irônico, polêmico, com seus textos (aforismos, epigramas, ironia, duplos sentidos e trocadilhos) e seus desenhos constrói a crônica dos costumes brasileiros dos últimos sessenta anos.




A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.




As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades.











Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem.









Viver é desenhar sem borracha.










Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim.



































































































































































































































































































































































(Sabedoria)




































O pior não é morrer. É não poder espantar as moscas.




Aniversário é uma festa Pra te lembrar Do que resta.




Amor ao próximo é folgado, o difícil é se dar com o homem ao lado.




Fique tranquilo: sempre se pode provar o contrário.




Anatomia é uma coisa que os homens também têm, mas que, nas mulheres, fica muito melhor.




Vocês não sabem como é divertido o absoluto ceticismo. Pode-se brincar com a hipocrisia alheia como quem brinca com a roleta russa com a certeza de que a arma está descarregada.




Quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso.




Nada é mais falso do que uma verdade estabelecida.


Goze. Quem sabe essa é a última dose?


Sim, irmão, o dinheiro não é tudo. Mas o que é que é tudo?




Numa vida média de 50 anos, 80 a 100 dias são empregados pelos homens só no ato de fazer a barba. Ignora-se o que as mulheres fazem com esse tempo.


Quando a gente está cansado, dá uma bruta vontade de dizer que sim.


A natureza , ao fazer um ser humano competente; por acaso consulta alguma universidade?


Ser gênio não é difícil. Difícil é encontrar quem reconheça isso.


Paz na terra aos homens de boa vontade. Isto é, paz para muito poucos.


A única diferença entre a loucura e a saúde mental é que a primeira é muito mais comum.


Cada ideologia tem a inquisição que merece.


O que esse país realmente precisa é que alguém apague a luz no fim do túnel.


Sir Ney, ao deixar o governo, não deixou pedra sobre pedra, ou só deixou podre sobre podre?


Depois de bem ajustado o preço, a gente deve sempre trabalhar por amor à arte.


Quem mata o tempo não é assassino mas sim um suicida.


Quando um técnico vai tratar com imbecis, deve levar um imbecil como técnico.


Probleminhas terrenos: quem vive mais morre menos?


Se durar muito tempo, a popularidade acaba tornando a pessoa impopular.


Tem cautela; ajuda o sol com uma vela.


Há certas mulheres que acabam ficando bonitas de tanto a gente dizer que são.




A maior vantagem da comida macrobiótica é que, por mais que você coma, por mais que encha o estômago, está sempre perfeitamente subalimentado.




Roube ainda hoje! Amanhã pode ser ilegal.




Nunca esqueça: A vida também perde a cabeça





Quando, afinal, nos acostumamos com uma moda é porque ela já está completamente em decadência.




Em geral, quando a gente encontra um espírito aberto, entra e verifica que está é vazio.


Coisa rara: teu espelho tem minha cara.


Erudito é um sujeito que tem mais cultura do que cabe nele.


Este mundo só é chato em duas ocasiões: na guerra e na paz.