terça-feira, 27 de março de 2012

FRANÇOIS RABELAIS


Não se sabe ao certo quando François Rabelais nasceu, o ano mais provável é o de 1484, na cidade de Chinon, no oeste da França. Segundo algumas fontes, seu pai era proprietário de vinhedos, segundo outras, advogado. Da mesma maneira, não existem informações precisas sobre a infância de Rabelais e o período em que ele foi enviado à Abadia de Seuillé para estudar.

Tornou-se noviço no Convento de La Baumette, onde se tornou colega dos irmãos De Bellay que o ajudariam em sua vida futura. Tornou-se um monge franciscano em 1521. No monastério, estudou grego, latim, direito e astronomia. Quando as autoridades eclesiásticas da Universidade de Sorbonne começaram a confiscar os velhos livros gregos, Rabelais endereçou uma petição ao papa, solicitando para juntar-se à ordem de São Bento, mais dedicada à cultura.

No hospital beneditino de Saint Denis começou a estudar medicina, mas abandonou a vida clerical para dar prosseguimento a seus estudos na Universidade de Paris e bacharelar-se, em 1530, em Montpellier. Nessa cidade, leu os antigos textos médicos de Hipócrates e Galeno, dissecou cadáveres e tornou-se um especialista em diversas doenças. Também inventou aparelhos para tratamentos de hérnia e fratura de ossos, além de publicar edições próprias dos clássicos médicos da Grécia e de Roma.

Em 1532 estabeleceu-se como médico num hospital de Lyon. No mesmo ano publicou sua famosa comédia "Pantagruel" sob o pseudônimo de Alcofribas Nasier, um anagrama de seu próprio nome. Lyon era na época o centro cultural da França, famosa por seu comércio internacional de livros. Segundo se dizia, seu "Pantagruel" chegou a vender mais exemplares do que a Bíblia. Dois anos depois, com o mesmo sucesso, ele publicou "Gargantua". Os livros, entretanto, foram condenados pela Sorbonne e pelo Parlamento.

Rabelais mudou-se para Roma onde se tornou médico do Cardeal De Bellay, recebeu perdão do papa pelo abandono da ordem religiosa e, em 1537, recebeu o grau de doutor, passando a exercer a medicina em várias cidades. Em 1546, o rei Francisco 1o da França, lhe concedeu autorização para publicar o terceiro livro da série Gargantua-Pantagruel, que foi dedicado a Margarida de Navarra, a irmã do rei.

A época, porém, era conturbada pelas reformas protestantes. A corte francesa procurava agir moderadamente e praticar a tolerância. Francisco 1o chegou a defender o filósofo Erasmo de Roterdã dos ataques dos teólogos católicos. Contudo, a saúde do rei estava em declínio, e Rabelais - um defensor de suas idéias humanistas - achou melhor deixar Paris.

Em 1547, De Bellay tornou Rabelais o cura de Saint-Christophe-de Jambet e depois de Mendon, próxima a Paris. O quarto livro da série Gargantua-Pantagruel apareceu em 1552, um ano antes da morte de Rabelais. Um quinto livro, de autoria duvidosa, foi publicada em 1564.

Rabelais misturou elementos de diversos gêneros narrativos em seus livros - crônica, farsa, diálogos, comentários, etc., temperando-os com um humor bem popular. Suas idéia e anedotas enaltecem os prazeres físicos da vida: a comida, a bebida e o sexo, e satiriza o ascetismo religioso. "Beba sempre e você nunca vai morrer", escreveu no primeiro volume de "Gargantua".





O homem nasceu para trabalhar, tal como o pássaro para voar.




O homem tem o valor que a si próprio dá.




Em matéria de casamento, cada um deve ser árbitro dos seus próprios pensamentos e apenas tomar conselho consigo mesmo.





É melhor escrever sobre risos que sobre lágrimas, / pois o riso é o apanágio do homem.




A falta de dinheiro é uma dor a que nenhuma outra se compara.




O hábito não faz o monge, e há quem, vestindo-o, seja tudo menos um frade. 




É mais difícil esconder a ignorância do que adquirir conhecimentos.




Jamais me submeterei às horas: as horas foram feitas para o homem, e não o homem para as horas.




O meu sonho é dever muito, não ter nada e, o resto, deixar para os pobres.




Ao bom e sincero amor está sempre junto o temor.




Tudo na vida é difícil, desde que a compreensão e a boa vontade não sejam utilizadas.


Amigo, perceberás que no mundo existem muito mais tolos do que homens, e lembra-te disso.


A ignorância é a mãe de todos os males.


A ocasião tem todos os cabelos na parte da frente; se a deixamos passar, não temos forma de a puxar de volta; ela é careca na parte de trás da cabeça, e nunca mais retorna.


Conheço muitos que não puderam quando deviam, porque não quizeram quando podiam.


"Ciência sem consciência não passa de ruína da alma."



"Vou em busca de um grande talvez."

















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Um comentário:

  1. Rabelais expressou em seus pensamentos a firme decisão de satirizar a hipocrizia da época, sobretudo daqueles que se diziam representantes da verdade, ao mesmo tempo que exaltou a beleza da vida,em sua naturalidade e felicidade de vivê-la sem os impedimentos da etiqueta e das vanglórias. Rabelais soube capitar a singularidade da bem aventurança humana, expressa por quem a soube viver com compreensão e boa vontade.

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