sexta-feira, 20 de abril de 2012

DOSTOIEVSKI





Fiodor Mikhailovich Dostoievski foi uma das maiores personalidades da literatura russa, tido como fundador do Realismo.

Sua mãe morreu quando ele era ainda muito jovem e seu pai, o médico Mikhail Dostoievski, foi assassinato pelos próprios colonos de sua propriedade rural em Daravoi, que o julgavam autoritário. Esse fato exerceu enorme influência sobre o futuro do jovem Dostoiévski e motivou o polêmico artigo de Freud: "Dostoiévski e o Parricídio".

Em São Petersburgo, Dostoiévski estudou engenharia numa escola militar e se entregou à leitura dos grandes escritores de sua época. Epilético, teve sua primeira crise depois de saber que seu pai fora assassinado. Sua primeira produção literária, aos 23 anos, foi uma tradução de Balzac ("Eugénie Grandet"). No ano seguinte escreveu seu primeiro romance, "Pobre Gente", que foi bem recebido pelo público e pela crítica.

Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas na casa de um revolucionário, e condenado à morte. No último momento, teve a pena comutada por Nicolau 1o e passou nove anos na Sibéria, quatro no presídio de Omsk e mais cinco como soldado raso. Descreveu a terrível experiência no livro "Recordações da Casa dos Mortos" e em "Memórias do Subsolo".

Suas crises sistemáticas de epilepsia, que ele atribuía a "uma experiência com Deus", tiveram papel importante em suas crenças. Inspirado pelo cristianismo evangélico, passou a pregar a solidariedade como principal valor da cultura eslava. Em 1857 casou-se com Maria Dmitrievna Issaiev, uma viúva difícil e caprichosa. Dois anos depois retornou a Petersburgo. Em 1862 conheceu Polina Suslova, que viria a ser o seu romance mais profundo. Em 1864, viúvo de Maria, terminou seu caso com Polina e em 1867 casou-se com Anna Snitkina.

Entre suas obras destacam-se: "Crime e Castigo", "O Idiota", "O Jogador", "Os Demônios", "O Eterno Marido" e "Os Irmãos Karamazov".

Publicou também contos e novelas. Criou duas revistas literárias e ainda colaborou nos principais órgãos da imprensa russa.

Seu reconhecimento definitivo como escritor universal surgiu somente depois dos anos 1860, com a publicação dos grandes romances: "O Idiota" e "Crime e Castigo". Seu último romance, "Os Irmãos Karamazov", é considerado por Freud como o maior romance já escrito.







Quanto mais gosto da humanidade em geral, menos aprecio as pessoas em particular, como indivíduos.




Nem homem nem nação podem existir sem uma ideia sublime.




Conhecemos um homem pelo seu riso; se na primeira vez que o encontramos ele ri de maneira agradável, o íntimo é excelente.




"Ora veja… é o que sempre acontece às pessoas românticas: enfeitam uma criatura, até o último momento, com penas de pavão, e não querem ver, nela, senão o que é bom, muito embora sentindo tudo ao contrário. Jamais querem, antecipadamente, dar às coisas o seu devido nome. Essa simples idéia lhes parece insuportável. A verdade, repelem-na com todas as forças até o momento em que aquela pessoa, engalamada por elas próprias, lhes mete um murro na cara"




Tenho de proclamar a minha incredulidade. Para mim não há nada de mais elevado que a ideia da inexistência de Deus. O Homem inventou Deus para poder viver sem se matar.




Às vezes o homem prefere o sofrimento à paixão.


A purificação pelo sofrimento é menos dolorosa que a situação que se cria a um culpado por uma absolvição impensada.


Podem ter a certeza de que não foi quando descobriu a América, mas sim quando estava a descobri-la, que Colombo se sentiu feliz.


Nada serviu tanto o despotismo como as ciências e os talentos.


A tragédia e a sátira são irmãs e estão sempre de acordo; consideradas ao mesmo tempo recebem o nome de verdade.


Não há ideia nem fato que não possam ser vulgarizados e apresentados a uma luz ridícula.


Decididamente não compreendo por que é mais glorioso bombardear de projécteis uma cidade do que assassinar alguém a machadadas.


A beleza salvará o mundo.


A falta de liberdade não consiste jamais em estar segregado, e sim em estar em promiscuidade, pois o suplício inenarrável é não se poder estar sozinho.


A vida é um paraíso, mas os homens não o sabem e não se preocupam em sabê-lo.


A fé e as demonstrações matemáticas são duas coisas inconciliáveis.


Não será preferível corrigir, recuperar, e educar um ser humano que cortar-lhe a cabeça?


Todos somos responsáveis de tudo, perante todos.


Todas as mulheres sabem que os ciumentos são os primeiros a perdoar.


A verdadeira verdade é sempre inverosímil.


Não há assunto tão velho que não possa ser dito algo de novo sobre ele.


Aos olhos do artista, o público é um mal necessário; é preciso vencê-lo, nada mais.


A melhor definição que posso dar de um homem é a de um ser que se habitua a tudo.


O criminoso, no momento em que pratica o seu crime, é sempre um doente.


Compara-se muitas vezes a crueldade do homem à das feras, mas isso é injuriar estas últimas.


A maior felicidade é quando a pessoa sabe porque é que é infeliz.


Um ato de confiança dá paz e serenidade.


Sofrer e chorar significa viver


Para se conhecer qualquer pessoa, é preciso ir-se chegando a ela devagar e com cautela, para evitar equívoco e preconceito, coisas bem difíceis de corrigir e reparar depois.


Sou mestre na arte de falar em silêncio.
Toda a minha vida falei calando-me
e vivi em mim mesmo tragédias inteiras sem pronunciar uma palavra...


O que está feito, feito está.


"Existe no homem um vazio do tamanho de Deus."


Não há nada mais desesperador para o homem do que, vendo-se livre, encontrar a quem sujeitar-se.


É claro e evidente que o mal se insinua no homem mais profundamente do que supõem os médicos socialistas. Em nenhuma ordem social é possível escapar ao mal e mudar a alma humana: ela própria é a origem da aberração e do pecado.


Amigos, peçam alegria a Deus. Sejam alegres como as crianças e como os pássaros no céu.


Partindo de uma liberdade ilimitada chega-se a um despotismo sem limites.


Não procures um prêmio, pois tens uma grande recompensa sobre a terra: a alegria espiritual que só o justo possui.


Há homens que nunca mataram e que, no entanto, são piores que os que mataram seis pessoas.


A tirania é um hábito com a propriedade de se desenvolver e dilatar a ponto de tornar-se doença.


Depois do insucesso, os planos mais bem pensados parecem-nos tolos.


Nós somos cidadãos da eternidade.


Ninguém se salva sozinho.


Para a mulher, toda reforma, toda salvação de qualquer tipo de ruína e toda renovação moral está no amor.


O segredo da existência não consiste somente em viver, mas em saber para que se vive.


O homem gosta de contabilizar os problemas, mas não conta as alegrias.


"O homem está sempre pronto para distorcer aquilo que dizem seus sentidos, simplesmente para justificar a sua lógica."


Ai, se soubesse quantas vezes me apaixonei, só em imaginação!


Mas diga-me: não está arrependida de não me ter repelido quando eu me aproximei? Foram apenas dois minutos mas tornou-me feliz para sempre.


Um sonhador - para explicar-lhe mais concretamente - não é um homem, fique sabendo, mas uma criatura de sexo neutro.


Sou realista no sentido mais alto da palavra, sou realista da alma humana.


Com amor consegue-se viver mesmo sem felicidade.


Pensei em tudo o que poderia dizer e o repeti mil vezes a mim mesmo quando estava deitado na escuridão. Que lutas íntimas travei! Se soubesses como estava farto daquela vã tagarelice! Eu queria esquecer tudo e recomeçar a vida ponto termo, especialmente, aqueles solilóquios.


Meu Deus! Um momento de felicidade! Sim! Não será isso o bastante para preencher uma vida?


"Se o mundo fosse um trem; se a vida fosse uma passagem, se Deus existisse e eu me encontrasse com Ele, eu devolveria o bilhete."


Quando estou sentado ao seu lado e falo consigo, tenho medo de pensar no futuro, pois no futuro está novamente a solidão, novamente esta vida inútil cheirando a mofo; e com o quê vou sonhar se, desperto, fui tão feliz a seu lado?


“Se alguém quiser reduzir o homem a nada,basta dar ao seu trabalho o caráter de inutilidade.”























segunda-feira, 16 de abril de 2012

ALEXANDRE DUMAS





O escritor francês consagrado como Alexandre Dumas nasceu no dia 24 de julho de 1802, em Villers-Cotterêts, no território de Aisne, com o nome de Dumas Davy de la Pailleterie. Ele era neto do marquês Antoine-Alexandre Davy de la Pailleterie e de uma negra, não se sabe bem se escrava ou já liberta, e filho do famoso General Alexandre Davy de la Pailleterie Dumas, membro das forças napoleônicas.
Ele se tornou conhecido por seus livros do gênero capa-e-espada, estilo nascido em solo espanhol no século XVII, inspirado nos romances utópicos e nas desilusões amorosas. Órfão de pai, ele segue para Paris, cidade na qual passa a criar peças teatrais e a publicar artigos em veículos da mídia. Com Henrique III e Sua Corte, apresentada pela Comédie Française, em 1829, ele atinge grande êxito junto ao público. Um ano depois ele leva aos palcos sua segunda obra dramatúrgica, Christine, também um sucesso. Seguindo por esse caminho o autor obtém liberdade financeira suficiente para se dedicar integralmente à literatura.
Alexandre continua a produzir peças teatrais – Napoleão Bonaparte e Antony, ambas lançadas em 1831. Mesmo assim ele encontra tempo para atuar politicamente, participando em 1830 de um levante que depôs o soberano Carlos X de França e levou ao poder o ex-chefe do escritor, o Duque d’Orléans, que reinaria com o título de Luís Filipe de França, conhecido com Rei Cidadão.
Á medida que a situação política francesa vai se acalmando, com a erradicação da censura, e a crescente industrialização do país impulsionando o desenvolvimento econômico, a carreira literária de Alexandre é largamente gratificada. Ele passa a se devotar à publicação de romances e encontra na imprensa um caminho alternativo para cobrir seus gastos excessivos e sua vida excêntrica. Como nesta época, em 1838, tornava-se um hábito a mídia lançar novelas escritas em série, Alexandre converte uma de suas criações para o teatro em sua primeira série, batizada de O Capitão Paulo.
O escritor começa a publicar incessantemente estes romances, assessorado por vários auxiliares, particularmente por August Maquet, criando para esse fim um estúdio que produziu inúmeras narrativas, sempre supervisionadas por ele. 1844 é um marco em sua carreira literária, pois neste ano ele lança o romance Os Três Mosqueteiros, que o torna famoso, e O Conde de Montecristo, que também se torna célebre. O primeiro mescla doses de fantasia amorosa, proezas guerreiras e muito humor. O segundo tem um cunho mais histórico e político.
Ele contrai matrimônio com a atriz Ida Ferrier, em 1840, mas mantém várias relações extraconjugais, através das quais se torna pai de três filhos com outras mulheres. Um deles, batizado com seu nome, também se tornaria escritor, autor de A Dama das Camélias. Autor de pelo menos 177 livros, Alexandre vê sua sorte se reverter quando o rei é deposto, substituído por Napoleão III, que não simpatiza com ele. Não lhe resta alternativa senão deixar a França e seguir, em 1851, para Bruxelas, fugindo para não ter que pagar suas dívidas. Desta cidade ele parte para a Rússia, onde seus romances tornam-se grande sucesso.
Alexandre permanece dois anos neste país antes de iniciar outras jornadas em busca de inspiração para suas obras. Participa, na Itália, do processo de unificação, depois volta para Paris em 1864.
Alexandre Dumas morreu no dia 05 de dezembro de 1870, na cidade de Puys. Ele foi enterrado no mesmo lugar em que nasceu, no cemitério de Villers-Cotterêts. Em 2002 ele foi reconhecido postumamente pelo governo francês, sob o governo de Jacques Chirac. Seu corpo foi retirado do sepulcro, exumado e homenageado em uma cerimônia transmitida pela TV, conduzido por um cortejo até o Panteão de Paris.





Não poderá a velhice chegar tão depressa que não tenhamos de fazer meio caminho para ir ao seu encontro ? De resto, o que é que nos faz velhos ? Não é a idade, são as doenças.


As feridas morais têm sempre essa particularidade: ocultam-se, mas não se fecham nunca; sempre dolorosas, sempre prontas a sangrar quando se lhes toque, conservam-se, porém, no coração, vivas e abertas. [...] Os homens verdadeiramente generosos mostram-se sempre indulgentes quando a desgraça do inimigo ultrapassa os limites de sua aversão.


Há favores tão grandes que só podem ser pagos com a ingratidão.



O fardo do casamento é tão pesado que precisa de dois para carregá-lo - às vezes, três.




Todas as mulheres querem ser estimadas e dão bastante menos importância ao fato de serem ou não respeitadas.




Os maridos das mulheres que nós admiramos parecem-nos sempre estúpidos.




Os negócios são o dinheiro dos outros.




Nos negócios não existem amigos, apenas clientes.




O mais feliz dos felizes é aquele que faz os outros felizes.




Por vezes é penoso cumprir o dever, mas nunca é tão penoso como não cumpri-lo.




A mulher pensa em nada ou em algo muito semelhante.


(...) não há felicidade nem desgraça nesse mundo, há a comparação de um com outro estado; e nisso se resume tudo. 
Só aquele que sofreu o infortúnio extremo compreende o gozo da extrema felicidade. 
É preciso ter-se querido morrer para se saber exatamente como é bom viver. 
Vivam, pois, e sejam felizes; e não se esqueçam nunca de que, até que o dia em que Deus se dignar desvelar o futuro do homem, toda a sabedoria humana se concentrará nestas duas palavras: aguardar e confiar!



A cadeia do casamento é tão pesada, que são precisos dois para carregar com ela.




Suprimir a distância é aumentar a duração do tempo. A partir de agora, não viveremos mais; viveremos apenas mais depressa.




O solteirão aborrece-se em todo o lado. O casado somente em casa.




Em amor, não há último adeus, senão aquele que se não diz.




São as mulheres que nos inspiram para as grandes coisas que elas próprias nos impedem de realizar.




Uma mãe perdoa sempre: veio ao mundo para isso.




Prefiro os canalhas aos imbecis. Os canalhas, pelo menos, descansam de vez em quando.




Só os que padecem um extremo infortúnio estão aptos a usufruir uma extrema felicidade. É preciso ter querido morrer para saber o que vale a vida. 






Para o homem feliz, a oração é uma reunião monótona de palavras sem sentido, até o dia em que a dor venha explicar ao desgraçado essa linguagem sublime por intermédio da qual o homem fala com Deus.



- Efetivamente, disseram-me - tornou o conde - que os senhores repetiam sinais que nem sequer compreendiam. 
- Decerto, senhor; e eu antes quero isso - disse a rir o homem do telégrafo. 
- Por que é que antes quer isso? 
- Porque desse modo não tenho responsabilidade. Sou uma máquina, nada mais, e, contanto que funcione, não me pedem outra coisa.


Nunca discuta, você não convencerá ninguém. As opiniões são como pregos: quanto mais são martelados, mais se enterram.


Toda generalização é perigosa. Inclusive esta.


Como é que as crianças pequenas são tão espertas e os homens tão estúpido? Deve ser a educação que faz isso.


Quem lê sabe muito, mas quem observa sabe mais.


A esperança é o melhor remédio que eu conheço.