Moralista francês, François 6º, príncipe de Marcillac e, mais tarde, duque de La Rochefoucauld, nasceu em Paris a 15 de setembro de 1613 e morreu na mesma cidade na noite de 16 para 17 de março de 1680.
Aristocrata, foi destinado à carreira militar, tendo participado da campanha da Itália em 1629. Envolvendo-se em intrigas contra o cardeal Richelieu, em favor da rainha Ana da Áustria, foi preso e exilado em Verteuil, no ano de 1631. Depois da morte de Richelieu, voltou a conspirar contra a corte, tendo participado ativamente da Fronda, a guerra civil que agitou a França entre 1648 e 1653.
Em 1652, gravemente ferido nos olhos, encerrou sua carreira de soldado e conspirador. Passou em Paris os últimos anos de sua vida, destacando-se nos salões literários, especialmente no de Madame de Sablé.
La Rochefoucauld foi um dos introdutores, e certamente o maior cultor do gênero de máximas e epigramas, divertimento social que ele transformou em gênero literário, escrevendo textos de profundo pessimismo. Seu mais famoso livro, "Reflexões ou sentenças e máximas morais", apareceu pela primeira vez em 1664.
Até a quinta edição do livro, La Rochefoucauld foi condensando suas máximas, ao mesmo tempo em que abrandava o tom, restringindo o seu amargor. Espírito cáustico, amargurado, ele atribui ao amor-próprio um papel preponderante na motivação das ações humanas. Todas as qualidades da nobreza - as falsas virtudes - têm a movê-las o egoísmo e a hipocrisia, atributos inerentes a todos os homens.
Segundo La Rochefoucauld, a necessidade de estima e de admiração está por trás de toda manifestação de bondade, sinceridade, gratidão. Ele é um pessimista desencantado com o gênero humano.
Além das "Reflexões", La Rochefoucauld escreveu sua autobiografia, "Memórias de M. D. L. R. sobre as intrigas com a morte de Luís 13, as guerras de Paris e da Guiana e a prisão dos príncipes", que engloba o período entre 1624 e 1632, e que de uma certa maneira serve de base para as conclusões desenvolvidas nas "Reflexões".
Sua obra influenciou profundamente dois outros filósofos: Friedrich Nietzsche e Émile Michel Cioran.
É melhor empregarmos o nosso espírito em suportar os infortúnios que nos acontecem do que em prever os que nos podem acontecer.
Um verdadeiro amigo é o maior de todos os bens e entretanto, é aquele com que menos nos preocupamos em adquirir.
No amor, o engano vai quase sempre mais longe do que a desconfiança.
É tão fácil enganar-se a si mesmo sem o perceber, como é difícil enganar os outros sem que o percebam.
Para sabermos bem as coisas, é preciso sabermos os pormenores, e como estes são quase infinitos, os nossos conhecimentos são sempre superficiais e imperfeitos.
Um homem sensato pode apaixonar-se como um doido, mas não como um tolo.
A nossa desconfiança justifica o engano alheio.
Não basta ter boas qualidades, é preciso poupá-las.
Atormentamo-nos menos para ser felizes do que para mostrarmos que o somos.
O mal que fazemos não suscita tanto a perseguição e o ódio como as nossas boas qualidades.
Nunca se é tão feliz nem tão infeliz como se imagina.
A vingança procede sempre da fraqueza da alma, que não é capaz de suportar as injúrias.
A verdadeira eloquência consiste em dizer tudo o que é preciso e em só dizer o que é preciso.
A mente é sempre enganada pelo coração.
Quem vive sem loucura não é tão sábio como pensa.
O orgulho não quer dever e o amor próprio não quer pagar.
Raramente conhecemos alguma pessoa de bom senso além daquelas que concordam conosco.
Todos temos força suficiente para agüentar os infortúnios dos outros.
O amor é como fogo: para que dure é preciso alimentá-lo.
O primeiro dos bens, depois da saúde, é a paz interior.
As pessoas fracas não podem ser sinceras.
O que nos torna insuportável na vaidade dos outros é que ela colide com a nossa.
O prazer do amor é amar e sentirmo-nos mais felizes pela paixão que sentimos do que pela que inspiramos.
É difícil amar aqueles que não estimamos, mas é mais difícil ainda amar aqueles que estimamos mais do que a nós mesmos.
O ciúme nasce sempre com o amor, mas nem sempre morre com ele.
A confiança que temos em nós mesmos, reflete-se em grande parte, na confiança que temos nos outros.
Quem recusa uma lisonja é porque procura ser lisonjeado duas vezes.
Há pessoas desagradáveis apesar das suas qualidades e outras encantadoras apesar dos seus defeitos.
Quando praticar qualquer falta, procure remediá-la e não desculpá-la.
Se resistimos às nossas paixões, é mais pela fraqueza delas que pela nossa força.
Todas as paixões nos levam a cometer erros, mas o amor faz-nos cometer os mais ridículos.
No ciúme, há mais amor-próprio do que amor.
A fama dos grandes homens devia ser sempre julgada pelos meios que usaram para obtê-la.
Temos mais preguiça no espírito do que no corpo
Os defeitos do espírito aumentam com a idade, tal como os do rosto.
A nossa inveja dura sempre mais tempo que a felicidade daqueles que invejamos.
Ninguém pode pronunciar-se acerca da sua coragem quando nunca esteve em perigo.
Preferimos até dizer mal de nós próprios do que estarmos calados.
Louvam-se ou criticam-se muitas coisas porque está na moda louvá-las ou criticá-las.
A velhice é uma tirania que proíbe, sob pena de morte, todos os prazeres da juventude.
A inveja é mais irreconciliável do que o ódio.
EM CONSTRUÇÃO...