quarta-feira, 8 de junho de 2011

DRUMMOND


Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987) foi um poeta, contista e tradutor brasileiro. É autor de vasta obra literária e considerado um dos maiores poetas do país.
Drummond nasceu em Itabira, interior de Minas gerais. Vindo de uma família de fazendeiros decadentes, estudou em colégio jesuíta na cidade de Belo Horizonte e formou-se em Farmácia, porém, não iria exercer a profissão. Fundou a publicação A Revista no intento de divulgar o movimento modernista brasileiro.
Em 1934, ingressou no serviço público, época que o poeta foi para o Rio de Janeiro trabalhar com o então ministro da Educação e Saúde Gustavo Capanema. Entre os anos de 1945 e 1962, foi funcionário do Serviço Histórico e Artístico Nacional.
O modernismo exerceu grande influência em Carlos Drummond de Andrade. O seu estilo poético era permeado por traços de ironia, observações do cotidiano, de pessimismo diante da vida, e de humor. Drummond fazia verdadeiros “retratos existenciais”, e os transformava em poemas com incrível maestria.
A poesia de Carlos Drummond de Andrade era facilmente entendida e captada pelo grande público, o que o tornou poeta popular, o que não quer dizer que seus poemas fossem superficiais. A Rosa do Povo é um poema muito conhecido e comentado. A rosa nesse poema funciona como metáfora do entendimento universal, dos valores da democracia e da liberdade, valores típicos da modernidade no século 20.
Carlos Drummond de Andrade foi também tradutor de autores como Balzac, Federico Garcia Lorca e Molière.
Em sua obra poética, podemos encontrar volumes importantes como Alguma poesia (1930), Sentimento do mundo (1940), José (1942), A Rosa do povo (1945).
Carlos Drummond de Andrade morreu em 1987, poucos dias depois do falecimento de sua filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade.

Adão, o primeiro espoliado - e no próprio corpo.


As academias coroam com igual zelo o talento e a ausência dele.


Cada geração de computadores desmoraliza as antecedentes e seus criadores.


Há campeões de tudo, inclusive de perda de campeonatos.


Há homens e mulheres que fazem do casamento uma oportunidade de adultério.


No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam.


O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.


O homem vangloria-se de ter imitado o vôo das aves com uma complicação técnica que elas dispensam.


Os homens distinguem-se pelo que fazem, as mulheres pelo que levam os homens a fazer.


Quem gosta de escrever cartas para os jornais não deve ter namorada.


Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo.


Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.


Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes.


Há certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer.


Os homens são como as moedas; devemos tomá-los pelo seu valor, seja qual for o seu cunho.


Como as plantas a amizade não deve ser muito nem pouco regada.


Necessitamos sempre de ambicionar alguma coisa que, alcançada, não nos torna sem ambição.


Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.


Há livros escritos para evitar espaços vazios na estante.


As obras-primas devem ter sido geradas por acaso; a produção voluntária não vai além da mediocridade.


Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons.


A educação para o sofrimento, evitaria senti-lo, em relação a casos que não o merecem.


Para a virtude da discrição, ou de modo geral qualquer virtude, aparecer em seu fulgor, é necessário que faltemos à sua prática.


A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas.





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