segunda-feira, 30 de abril de 2012

CROWLEY




 Aleister Crowley foi sem sombra de dúvida o maior mago do século XX. Suas explorações no campo das drogas e do sexo são enfatizadas em demasia por quase todas as pessoas que se põe a falar sobre ele. Essa sua faceta poderia ser explicada (talvez até possa ser justificada) como uma fuga genial da pútrida sociedade ultrapuritana em que foi criado.

    O protestantismo vitoriano foi uma das manifestações mais repressoras de que já se teve notícia e Crowley, juntamente com alguns artistas de vanguarda de sua época teve a ousadia de se colocar contra todo esse sistema de valores e criar um sistema próprio, que por pior que fosse era melhor do que o sistema estabelecido.

    A mente de Crowley, um misto de Nietzsche e Rabelais, com uma estética egípcia e um negro senso de humor, era, de certa forma, inescrutável. Apesar de freudianamente seus complexos serem óbvios, lendo Crowley nunca se tem certeza do que ele realmente quis dizer. Ele brincava com o leitor, geralmente o superestimando (principalmente nos primeiros livros, cheios de referências obscuras imprecindíveis para a compreenção da obra). Apesar disto escreveu excelentes poesia e prosa, mas que de forma alguma superaram o interesse do mundo na história de sua vida, atribulada, trágica e cheia de aventuras como foi, por si só uma obra de arte.

    Crowley nasceu em 1875, filho de um pastor de uma seita fundamentalista protestante, que também era dono de uma fábrica de cerveja. Seu pai morreu cedo, deixando boas lembranças no menino, mas sua mãe, segundo ele, era uma "estúpida criatura", e as brigas da adolescência logo fizeram com que sua mãe o chamasse de "Besta", apelido que adotou posteriormente e que lhe trouxe boa parte da fama.

    Na escola se mostrou brilhante e obediente, até que foi culpado injustamente de um pequeno delito e foi posto de castigo, a pão e água, o que piorou sua já fraca saúde (tempos depois lhe receitariam heroína para a asma, substância que usou até os 72 anos de idade, quando morreu de parada cardíaca). Crowley nunca esqueceu desse tratamento, e desde menino começou a achar que havia algo de errado com o "senso comum" da época. Decidiu ser um homem santo, e cometer o maior pecado, como em uma lenda dos Plymouth Brothers (culto de seu pai) que afirmava que o maior santo cometeria o maior pecado.

    Na Universidade Crowley finalmente se encontrou. Com muito dinheiro (da herança de seu pai) e livre da repressão da família, exerceu todas as atividades pelas quais ficou conhecido: alpinismo, poesia, enxadrismo, sexo e magia, e, dizem, foi excepcional em cada uma delas. Crowley travou contato com a Golden Dawn, uma ordem pseudo-maçonica de prática ritualística e iniciatória que esteve em seu auge no fim do século passado, quando Crowley a frequentou. Subiu rapidamente pelos graus da ordem, mas foi barrado por um grupo de pessoas que chegaram a afirmar que a "ordem não era um reformatório". Crowley era desconsiderado pelos intelectuais e desprezado pela burguesia, fato que o pode ter levado a suas inúmeras viagens e expedições de alpinismo.

    Crowley pode parecer extremamente arrogante e narcisista em seus escritos, mas isso não parece ser verdade, se examinamos sua vida a fundo. Ele sempre buscou o reconhecimento e aprovação das pessoas, e quando notou que isso não era possível, mantendo sua crítica atroz aos absurdos do puritanismo inglês, ele resoleu aparecer fazendo escândalos, reais ou falsificados, ao estilo do esteriótipo "falem mal, mas falem". Mesmo assim em sua autobiografia ("Confessions of Aleister Crowley") ele se mostrou extremamente magoado quando a imprensa marrom inglesa (conhecidíssima até hoje e abominada pela família real inglesa) inventava alguma coisa absurda e terrível ao seu respeito, como em uma ocasião em que o acusaram de comer carne humana na expedição ao monte K2.

    A Golden Dawn recusou iniciação a Crowley, mas seu chefe, McGreggor Mathers não. Talvez interessado no dinheiro do jovem Aleister Crowley ele o iniciou, e logo se tornou um mestre para Crowley.

    Seus trabalhos mágicos e estudos místicos o levaram as mais diversas partes do mundo, experimentando com todas as formas de catarse e intoxicação, que considerava como bases da religião. Mas pouco a pouco se distanciava de Mathers, que a essa altura já havia se proclamado em contato direto com os "mestres" que regem a terra, e com isso seu autoritarismo se tornou insuportável. Crowley foi o único a defendê-lo até o final, quando percebeu que tudo não passava de uma farsa.

    A crença de que existe um grupo de iniciados secretos que carregam o conhecimento humano e são os verdadeiros "chefes" da terra é compartilhada no sentido estritamente literal por muitas pessoas e seitas. Crowley aceitou essa idéia de uma forma ou de outra até o fim da vida, mas empregou diversas interpretações para estas entidades, algumas baseadas na psicologia (recém estabelecida como uma ciência por Freud, na mesma época).

    Mas, desiludido com a Golden Dawn, passou alguns meses afastado da magia, e pouco a pouco se reaproximou, trabalhando sozinho.

    Então numa viagem ao Cairo em 1904, recém casado, sua esposa começou a falar algumas coisas estranhas das quais ela não poderia ter conhecimento. Ela o mandou invocar o deus Hórus.

    Dessa invocação surgiu um texto pequeno, de três capítulos, intenso e esquisito, ditado por um dos "ministros" da forma de Hórus conhecida por "Hoor-Paar-Kraat", Harpócrates, Hórus, a criança. Aiwass era o nome dessa entidade, depois reconhecida como o Sagrado Anjo Guardião do próprio Crowley. Com isso três coisas estão subentendidas: Aiwass era um dos "mestres" que regiam o presente Éon, dedicado ao Deus Hórus, seu mentor; era também uma entidade não totalmente separada de Crowley, embora devesse ser tratado como tal, alguns poderiam dizer que ele era o self junguiano de Crowley (mesmo ele reconheceu isso), outros, maldosamente, que era sua Sombra (termo que em psicologia junguiana designa a parte de nós que reprimimos e que contém aquilo que temos medo de admitir); Crowley demorou cerca de 5 anos para acatar o que o texto dizia. Uma das profecias previa a morte de seu filho, que acabou por morrer mesmo, de doença desconhecida.

    Quando finalmente aceitou o Livro da Lei estava em contato com um corpo germânico de iniciados, que em outro livro dele ("The Book of Lies") encontraram um segredo de magia sexual que pensavam ter o monopólio no ocidente. Nem Crowley havia entedido o que tinha escrito, mas aceitou mesmo assim um alta posição hierárquica na Ordem. Era a Ordo Templi Orientis, que até hoje detém os direitos sobre os textos de Crowley posteriores a 1910.

    A O.T.O. existe até hoje (ou melhor existem, visto que houveram cisões e brigas e etc, que somando com os charlatães, devem somar mais de 30 O.T.Os., por alto. A maioria clama legitimidade.)

    Crowley perdeu muito dinheiro publicando seus próprios livros e os vendendo a preço de banana. E a incompetência de um tesoureiro da O.T.O., que perdeu um galpão cheio de livros num lance mal entendido até hoje, acabou causando sua bancarrota final.

    Além da O.T.O. que tinha bases massônicas, Crowley criou um corpo próprio, designado como A.:.A.:.., esse corpo, muito mais velado, deveria servir como que "escola de treinamento" para os possíveis "mestres" da humanidade.

    Crowley sobreviveu de doações e venda de livros até o fim da vida. E morreu em relativa miséria, ainda viciado em heroína, pouco tempo depois de terminar seu último trabalho, um livro sobre o Tarô que Lady Frieda Harris havia pintado com suas indicações. Um baralho magnífico.

Bibliografia:

"Confessions of Aleister Crowley", A. Crowley, Penguin
"The Eye in the Triangle", Israel Regardie, New Falcon Publications
"The Legacy of the Beast", Gerald Suster, Weiser

O melhor é "The Eye in the Triangle". Em português não se deve deixar de ler o verbete "Aleister Crowley", na "Enciclopéldia do Sobrenatural", da LPM.



Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.
("Do what thou wilt shall be the whole of the Law.")
Amor é a lei, amor sob vontade
("Love is the law, love under will.")
Aleister crowley


Este é o lema da filosofia proposta por Aleister Crowley, antes de ser um filósofo inglês, era um profundo pensador. Indiscutivelmente um homem “a frente de seu tempo”. Inteligente, estudioso,... mas, que a meu ver deixou de usar o “equilíbrio” de Libra (seu Signo Solar) e de forma intrépida, foi descortinando os véus do ocultismo, sem a menor prudência. Isso, as perdas, além de outros augúrios de seu Mapa Natal, o tornou uma “presa fácil” de energias que ele pensava que conhecia, acabando por se tornar um homem perseguido, cheio de vícios e muito angustiado, levando-o quase a loucura. No fim de sua vida transformou-se numa figura decadente.




Edward Alexander Crowley, ou Aleister Crowley (12 de outubro de 1875 - 1 de dezembro de 1947.) - No entanto se julga ele - era um homem fascinante que viveu uma vida incrível. Ele é mais conhecido como sendo um influente ocultista britânico responsável pela fundação da doutrina Thelema.
Co-fundador da AA e eventualmente um líder da Ordo Templi Orientis(O.T.O.). Um ocultista infame e o escriba do Livro da Lei, que introduziu Thelema para o mundo. Crowley foi um membro influente nas organizações ocultas, várias, incluindo a Golden Dawn. Ele foi um escritor prolífico e poeta, um viajante do mundo, montanhista, mestre de xadrez, o artista, yogi, provocador social, viciado em drogas e libertino sexual. A imprensa adorava demonizá-lo e apelidado - Crowley "O pior homem do mundo".



THELEMA

Do grego θέλημα: Vontade, a partir do verbo θέλω: desejar, ter um propósito.

Thelema é a filosofia ou religião - dependendo do ponto de vista - baseada nos dois preceitos fundamentais da chamada Lei de Thelema:
Estes foram apresentados ao mundo, desta forma, no Livro da Lei (Liber AL vel Legis), escrito por Aleister Crowley nos dias 8 a 10 de abril de 1904. Seus adeptos são chamados de "thelemitas".
Crowley desenvolveu o sistema thelemico a partir de uma série de experiências metafísicas experimentadas por ele e sua então esposa, Rose Edith Kelly Crowley, no início de 1904. A partir dessas experiências ele argumentava ter sido contatado por uma inteligência não-corpórea denominada [Aiwass] também conhecido como oz (a quem identificou mais tarde como seu Sagrado Anjo Guardião), a qual ditou a ele, entre o meio-dia e as 13 horas dos dias 8, 9 e 10 de abril daquele ano, o Livro da Lei (Liber AL vel Legis). Sabe-se, além disso, que pensadores anteriores a Crowley apresentaram traços da cosmovisão e sistema contidos no livro, de modo que o conhecimento thelêmico, embora coroado pelo Liber AL, não se restringe a ele.

O livro contém tanto a frase "Faze o que tu queres será o todo da Lei" quanto o termo θέλημα, o qual Crowley tomou como nome do sistema filosófico, místico e religioso que veio a se desenvolver a partir do texto daquele livro, considerado como sagrado pelos thelemitas (aqueles que seguem a filosofia ou religião de Thelema). O sistema thelemico inclui uma série de referências de magia, ocultismo, misticismo e religião, tanto ocidentais quanto orientais, tais como a Cabala e a Yoga. Segundo Crowley, Thelema representaria um novo sistema ético e filosófico para a humanidade, caracterizando um Novo Eon (nova era).

É comum que a Lei de Thelema seja compreendida, à primeira leitura, como uma licença para que se executem todos os desejos e caprichos que uma pessoa tenha, sem que haja responsabilidade ou consequências por seus atos. Contudo, esta filosofia prega justamente o oposto, partindo da idéia de que cada ser humano, por possuir livre arbítrio, é inteiramente responsável por sua existência e por suas ações, sem ser absolvido ou culpado por nenhum Deus ou Diabo no que tange o destino de sua própria vida. A liberdade de todo Homem e toda Mulher é, portanto, cultuada, uma vez que, como consta no Liber AL, "todo homem e toda mulher é uma estrela". O resultado disso é um profundo respeito a si próprio, à cada indivíduo e à cada forma de vida, como sendo expressões particulares do Divino.

Além disso, Thelema conclama cada um à descoberta e realização de sua Vontade (a inicial maiúscula sendo utilizada para diferenciar esta da vontade trivial, a expressão Verdadeira Vontade também sendo utilizada para tanto). Cada um de nós tem por obrigação descobrir e cumprir essa Verdadeira Vontade, deixando de lado todo capricho e distração que possa nos afastar deste objetivo máximo. Ao realizá-la, estamos nos integramos perfeitamente à nossa Natureza, que reflete a ordem do Universo. Portanto, realizar a Verdadeira Vontade é despertar para a Vontade do Universo.
Em Thelema, considera-se a Divindade como algo imanente: isto é, que vive dentro de tudo. Logo, conhecer sua Vontade mais íntima também é conhecer a Vontade de Deus. Esse processo de descoberta da Vontade além dos desejos do Ego constitui um método de realização espiritual baseado principalmente no autoconhecimento. Infelizmente, os escritos de Crowley são usualmente mal interpretados e incrivelmente tomados no sentido oposto ao original, dando origem a comportamentos anti-sociais que nada têm a ver com Thelema.
A nível social, Thelema pode ser entendida como a luta pela vivência da Liberdade de cada indivíduo, de modo que ele possa se realizar de acordo com sua órbita particular, isto é, dentro de suas vivências e escolhas específicas. Considerar a importância essencial do indivíduo para o mundo pode ser uma postura menos pragmática do que a tradição política adotada por sociedades opressoras e massificantes. No entanto, pelo que foi explicado anteriormente, está claro como a tirania e regimes tirânicos nada têm a ver com Thelema.


O consumidor geralmente está errado; mas as estatísticas indicam de que não há lucro em lhe dizer isto.


A democracia treme.

O Fascismo feroz, o Comunismo cacarejante, fraudes iguais, zanzam loucamente por todo o globo.

Eles são nascimentos abortivos da Criança, o Novo Éon de Hórus.

A Liberdade novamente se remexe no útero do Tempo.

A evolução faz suas mudanças de maneiras anti-Sociais. O homem 'Anormal' que prevê o curso dos tempos e adapta as circunstâncias inteligentemente, é gozado, perseguido, até mesmo destruído pelo rebanho; mas ele e seus herdeiros, quando a crise chega, são os sobreviventes.

O Fascismo é como o Comunismo, e desonesto na barganha. Os ditadores reprimem toda arte, literatura, teatro, música, notícias, que não se encaixem em seus requerimentos; porém o mundo só se move pela luz do gênio. O rebanho será destruído em massa.

O estabelecimento da Lei de Thelema é a única forma de preservar a liberdade individual e assegurar o futuro da raça.



NÃO HÁ DEUS ALÉM DO HOMEM

1- O homem tem o direito de viver pela sua própria lei 
de viver da maneira que ele quiser; 
de trabalhar como ele quiser; 
de brincar como ele quiser;
de descansar como ele quiser;
de morrer quando e como ele quiser.

2- O homem tem o direito de comer o que ele quiser 
de beber o que ele quiser; 
de se abrigar onde quiser; 
de se mover como queira na face da Terra.

3- O homem tem o direito de pensar o que ele quiser 
de falar o que ele quiser;
de escrever o que ele quiser;
de desenhar, pintar, esculpir, gravar, moldar, construir como ele quiser;
de vestir-se como quiser.

4- O homem tem o direito de amar como ele quiser

"Pegai vosso quinhão e vontade de amor como vós quiserdes, quando, onde e com quem quiserdes." (AL 1.51)

5- O homem tem o direito de matar aqueles que possam frustrar esses direitos


Vontade pura, desaliviada da ânsia de resultado, é de todo perfeita















Um comentário:

  1. A LIBERDADE INDIVIDUAL É MAIS IMPORTANTE DO QUE A COLETIVA. SE NÃO FIZER NENHUM UM MAL AO COLETIVO OU AO INDIVÍDUO.

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