quinta-feira, 15 de março de 2012

MACHADO DE ASSIS


Joaquim Maria Machado de Assis nasceu pobre e epilético. Era filho de Francisco José Machado de Assis e de Leopoldina Machado de Assis, neto de escravos alforriados. Foi criado no morro do Livramento, no Rio de Janeiro. Ajudava a família como podia, não tendo freqüentado regularmente a escola.

Sua instrução veio por conta própria, devido ao interesse que tinha em todos os tipos de leitura. Graças a seu talento e a uma enorme força de vontade, superou todas essas dificuldades e tornou-se em um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos.

Entre os seis e os 14 anos, Machado perdeu sua única irmã, a mãe e o pai. Aos 16 anos empregou-se como aprendiz numa tipografia e publicou os primeiros versos no jornal "A Marmota". Em 1860, foi convidado por Quintino Bocaiúva para colaborar no "Diário do Rio de Janeiro". Datam dessa década quase todas as suas comédias teatrais e o livro de poemas "Crisálidas".
Em 12 de novembro de 1869 casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais. Esse casamento ocorreu contra a vontade da família da moça, uma vez que Machado tinha mais problemas do que fama. Essa união durou cerca de 35 anos e o casal não teve filhos. Carolina contribuiu para o amadurecimento intelectual de Machado, revelando-lhe os clássicos portugueses e vários autores de língua inglesa.

Na década de 1870, Machado publicou os poemas "Falenas" e "Americanas"; além dos "Contos Fluminenses" e "Histórias da meia-noite". O público e a crítica consagraram seus méritos de escritor. Publicou os romances: "Ressurreição" (1872); "A Mão e a Luva" (1874); "Helena" (1876); "Iaiá Garcia" (1878). Essas obras ainda estão ligadas à literatura romântica e formam a chamada primeira fase de Machado de Assis.

Em 1873, o escritor foi nomeado primeiro oficial da secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras públicas. A sua carreira burocrática teve uma ascensão muito rápida, uma vez que, em 1892, já era diretor geral do Ministério da Viação. O emprego público garantiu a estabilidade financeira, uma vez que viver de literatura naquela época era quase impossível, mesmo para os bons escritores.

Na década de 1880, a obra de Machado de Assis sofreu uma verdadeira revolução, em termos de estilo e de conteúdo, inaugurando o Realismo na literatura brasileira. Os romances "Memórias póstumas de Brás Cubas" (1881); "Quincas Borba" (1891); "Dom Casmurro" (1899) e os contos "Papéis avulsos" (1882); "Histórias sem data" (1884), "Várias histórias" (1896) e "Páginas recolhidas" (1899), entre outros, revelam o autor em sua plenitude. O espírito crítico, a grande ironia, o pessimismo e uma profunda reflexão sobre a sociedade brasileira são as suas marcas mais características.

Em 1897, Machado fundou a Academia Brasileira de Letras, da qual foi o primeiro presidente, pelo que a instituição também conhecida como casa de Machado de Assis. Ocupou a Cadeira N.º 23, de cujo patrono, José de Alencar, foi amigo e admirador.

Em 1904, a morte de sua mulher foi um duro golpe para o escritor. Depois disso, raramente ele saía de casa e sua saúde foi piorando por causa da epilepsia. Os problemas nervosos e uma gagueira contribuíram ainda mais para o seu isolamento. São dessa época seus últimos romances "Esaú e Jacó" (1904) e "Memorial de Aires" (1908), que fecham o ciclo realista iniciado com "Brás Cubas"

Machado de Assis morreu em sua casa situada na rua Cosme Velho. Foi decretado luto oficial no Rio de Janeiro e seu enterro, acompanhado por uma multidão, atesta a fama alcançada pelo autor.

O fato de ter escrito em português, uma língua de poucos leitores, tornou difícil o reconhecimento internacional do autor. A partir do final do século 20, porém, suas obras têm sido traduzidas para o inglês, o francês, o espanhol e o alemão, despertando interesse mundial. De fato, trata-se de um dos grandes nomes do Realismo, que pode se colocar lado a lado ao francês Flaubert ou ao russo Dostoievski, apenas para citar dois dos maiores autores do mesmo período na literatura universal.

A vida sem luta é um mar morto no centro do organismo universal. 

Não tive filhos não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. 

Botas...as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar. 

Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar. 

Creia em si, mas não duvide sempre dos outros. 

Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento. 

Lágrimas não são argumentos. 

Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz. 

Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão. 

O acaso... é um Deus e um diabo ao mesmo tempo. 

O dinheiro não traz felicidade — para quem não sabe o que fazer com ele. 

Está morto: podemos elogiá-lo à vontade. 

A vida é cheia de obrigações que a gente cumpre por mais vontade que tenha de as infringir deslavadamente. 

A mentira é muita vezes tão involuntária como a respiração. 

Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito.

Eu não sou homem que recuse elogios. Amo-os; eles fazem bem à alma e até ao corpo. As melhores digestões da minha vida são as dos jantares em que sou brindado. 

Não te irrites se te pagarem mal um benefício; antes cair das nuvens que de um terceiro andar. 

Há coisas que melhor se dizem calando. 

BONS AMIGOS
Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!


Guarda estes versos que escrevi chorando como um alívio a minha saudade, como um dever do meu amor; e quando houver em ti um eco de saudade, beija estes versos que escrevi chorando. 

Reúno em mim mesmo a teoria e a prática. 

A distância é como os ventos: apaga as velas e acende as grandes fogueiras. 

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas! 

A arte de viver consiste em tirar o maior bem do maior mal 

Defeitos não fazem mal, quando há vontade e poder de os corrigir. 

Acomodar-se às circunstâncias do momento, faz hábeis os homens e estimáveis as mulheres. 

“(...) Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis (...)” 

"Eu gosto de catar o mínimo e o escondido. Onde ninguém mete o nariz, aí entra o meu, com a curiosidade estreita e aguda que descobre o encoberto". 

Pois o silêncio não tem fisionomia, mas as palavras muitas faces... 

Não gosto de lágrimas, ainda em olhos de mulheres, sejam ou não bonitas; são confissões de fraqueza, e eu nasci com tédio aos fracos. Ao cabo, as mulheres são menos fracas que os homens,ou mais pacientes, mais capazes de sofrer a dor e a adversidade... 

SAUDADE.
Por que sinto falta de você? Por que está saudade?
Eu não te vejo mas imagino suas expressões, sua voz teu cheiro.
Sua amizade me faz sonhar com um carinho,
Um caminhar, a luz da lua, a beira mar.
Saudade este sentimento de vazio que me tira o sono
me fazendo sentir num triste abandono, é amizade eu sei, será amor talvez...
Só não quero perder sua amizade, esta amizade...
Que me fortalece me enobrece por ter você. 


Tudo é aliado do homem que sabe querer. 

A ingratidão é um direito do qual não se deve fazer uso. 

Não precisa correr tanto, o que é seu às mãos lhe há de vir... 

"...tempo é um tecido invisivel em que se pode bordar tudo, uma flor, um pássaro, uma dama, um castelo, um túmulo. Também se pode bordar nada. Nada em cima de invisivel é a mais sutil obra deste mundo, e acaso do outro." 

A primeira glória é a reparação dos erros.

As ocasiões fazem as revoluções.

O amor é o rei dos moços e o tirano dos velhos.

O amor é o egoísmo duplicado.

Não se perde nada em parecer mau - ganha-se tanto como em sê-lo.

Também a dor tem suas hipocrisias.

O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito, desfaz-se - basta a simples reflexão.

Dormir é um modo interino de morrer.

O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto.

Matamos o tempo - o tempo nos enterra.

Amor repelido é amor multiplicado.

De todas as coisas humanas, a única que tem o fim em si mesma é a arte.

O destino, como os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho.

Não se ama duas vezes a mesma mulher.

A vaidade é um princípio de corrupção.

Não há alegria pública que valha uma boa alegria particular.

Suporta-se com muita paciência a dor no fígado alheio.

A fortuna troca, ás vezes, os cálculos da natureza. 

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